terça-feira, 27 de novembro de 2012

Em que mundo vivemos?

Se você quer viver num mundo que você goste, precisa colocar uma bela e ampla moldura nele.

O vídeo do link adiante, do sociólogo Zygmunt Bauman, te ajudará nesta desafiante e contínua tarefa:


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O que Todos sabem e o que Ninguém sabe...

Todos sabem o quanto minha mãe me ama,
Ninguém sabe os momentos em que ela duvida,

Todos sabem como eu era um menino bonitinho,
Ninguém acreditaria no que eu queria fazer com o mundo quando estava com raiva,

Todos sabem sobre o bairro que eu morei,
Ninguém viu a viela da qual eu tinha medo,

Todos sabem que terminei o colégio,
Ninguém conhece meus fantasmas dos amores não vividos*,

Todos lembram dos meus sonhos e fantasias juvenis,
Ninguém imagina que eu ainda acredite neles,

Todos admiraram meus sucessos,
Ninguém somou os custos para ver se valia a pena,

Todos conheceram meus fracassos,
Ninguém que participou tem pena do meu sangue,

Todos sabem que tive amores,
Ninguém sabe como cada um doeu a sua maneira,

Todos sabem o que penso,
Ninguém ousaria afogar-se nesse sumidouro de realidade,

Ninguém sabe o que não sabe,
Muitas dessas coisas, todos os outros sabem,

Ninguém ama serenamente o que não possui,
Todos cobiçam as miragens,

Ninguém pensa,
Todos falam,
Ninguém fala,
Todos pensam,

Ninguém ama a um Outro,
Todos buscam a si,

'Ninguém' não existe. Nesse mundo só é real o 'Alguém'.
'Todos' é fruto da minha imaginação, 'Muitos' é o que existe na realidade.



(*Não sou o autor dessa expressão, ele permanece anônimo.)

domingo, 25 de novembro de 2012

Que Educação precisamos para Amanhã?

Para quem acha que educação é principalmente aprender o que já existe - concepção tradicional - vale ouvir Sir Ken Robison em sua fala na TED (http://www.ted.com) - com legendas em português:


E a parte 2:



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

sábado, 10 de novembro de 2012

Perdeu a cadela?


- Oi. Você viu passar por aqui uma cadelinha branca arrastando uma coleira de couro?

- Não. Você a perdeu?

- Você acredita que ela fugiu atrás de um dálmata?! Já procurei por tudo, mas não consigo encontrá-la.

- Éhh; as vezes eles fazem isso. O meu cachorro, faz seis meses, sob meus gritos por ele, foi sem olhar para trás e nunca mais voltou.

- Não consigo aceitar essa situação. É tão antinatural o cão abandonar seu dono.

- Bem, ele é um animal, com suas necessidades para atender...

- O meu tinha tudo o que precisava em casa. Comida, carinho, proteção e brinquedos. O que eu não quis foi dar uma cadelinha para ele namorar. Acho indecente isso.

- Olha, eu tenho cachorro há muito tempo. Já tive vários. A partir do finado labrador, percebi que para ele era importante ter uma cadelinha em casa. - E por um tempo vivemos bastante felizes desse jeito. Embora isso não seja o suficiente.

- Nem isso? O que mais eles querem então?

- Olha, eu tenho uma ideia meio maluca sobre isso. No fundo, no fundo, acho que eles queriam ser os donos da casa e que nós fôssemos os animaizinhos de estimação deles, para mandar e cuidar de nós. Tão importante quanto o sexo é a alternância dos papéis na relação. Você aceitaria essa inversão por amor?

- COMO ASSIM? Quero um cachorrinho para que EU tenha companhia; e não o contrário!

- Sim, entendo. Mas faça um exercício de empatia e tente se colocar no lugar dele. Eu faço. Imagino que eu sou uma cadelinha e que dependo do meu amo para tudo. Quanto tempo você acha que poderia viver assim?

- Não sei, não dá para prever, só consigo me ver na posição de dono. Nesta, eu faria o meu melhor e empregaria com minha cadela todos os cuidados... 

- Não sei se é o suficiente para ficar...

- Não dá para saber sem tentar.

- Não sei mesmo o que fazer. As coisas ficaram confusas agora. Acho que a gente deveria combinar de sair para comer alguma coisa amanhã. Talvez você me convença, pelo menos por um tempo.

Uma mágica para fazer à noite...




domingo, 28 de outubro de 2012

Coisas que as mulheres nem imaginam que achamos sexy.

Texto muito muito legal. O original está em  http://www.casalsemvergonha.com.br/2011/07/01/46-coisas-que-as-mulheres-nem-imaginam-que-achamos-sexy/  

Abaixo temos uma versão baseada no original:

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1. Rabo de cavalo com fios soltos.

Eu pensei em um coque, com palitos atravessados e com fios fugitivos. Aliás, ambos arranjos têm em comum despirem o pescoço e o deixarem deliciosamente nu.

2. Ela usando minha camisa e mais nada.

O 'mais nada' vem por conta de que eu sei em que circunstâncias ela vestiu aquela camisa, até porque não dá prá ver, mas só para imaginar o que ela tem ou não tem embaixo da camisa...

3. Barulho do salto alto.

Tem que ser à noite, chegando... Partindo já dá saudade.

4. Sardinhas no rosto.

Um estilo de pintura, dentre muitos outros possíveis, na mais bela tela que existe, o rosto feminino.

5. Quando elas conduzem o sexo.

É maravilhoso; mas, a menos que você esteja MUITO cansado (morto), não dá uma vontade irresistível de alternar a condução?

6. A forma como ela ri.

Se for colocar os motivos em ordem de importância, fica assim: Quando ri para você, quando ri com você, e mesmo quando ri de você. Depois vêm todos os outros motivos.

7. Quando ela senta no nosso colo pra dar um beijo.

E após concedê-lo , no meio do gesto de ir-se, sente uma necessidade inapelável, volta dedicada e dá mais uns, caprichados.

8. Um belo par de seios.

Logo se vê que nem tudo que é maravilhoso é 'ímpar'.

Em um livro de trekking para pequenos seres, consta: "Eles se erguem da ampla planície do colo e formam um belo  e sufocante vale, que conduz à... outra planície. Se resolver escalá-los, no cume encontrarás um pira, em homenagem aos Deuses. Não a acenda, pequeno montanhista, porque ruidosos terremotos o jogarão ao céus e, ainda que não morra ao aterrisar nas macias planícies, pode ser que a esta altura, todo aquele mundo esteja assolado por tremores, e não terás onde se esconder, até que cessem".

9. Quando elas, de vestido ou saia, se esticam pra pegar alguma coisa no alto.

Ou embaixo, ou se levantam, ou se sentam... enfim, de vestido ou saia fica bom até quando respiram. Xico Sá desenvolve... http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/10/31/nada-como-uma-mulher-de-vestido/

10. O jeito como acordam de cabelo bagunçado e pijama velhinho. 

11. Ela deitada de bruços só de calcinha.

Me fala um jeito que a mulher não fica bem quando estiver só de calcinha...

12. Cabelo cheiroso.

'Tchê', e o pescoço?! não esquece do pescocin pelo amor de Deus! Pegue ele por trás, na nuca, e aí pode cheirar o cabelo à vontade.

13. A manha que elas fazem quando chega a hora de nos separarmos.

Uma doce meiguice.

14. Ela mexendo no cabelo.

No dela, ou no meu.

15. O jeito como andam descalças na ponta do pé quando o chão está frio.

Os diversos retesamentos causados pelo frio e os bons dias nos quais eles recebem e capitulam ante a invasão do calor rejuvenescedor.

16. Ela lambendo os dedos depois de comer uma coisa muito gostosa.

Afinal nem só de luxúria vivem os pecadores...

17. Inteligência.

Emocional, bem humorada, não do tipo erudita-formal, torna a mulher incrivelmente charmosa e sensual.

18. Quando ela anda pela casa só de calcinha.

Eu não falei que só de calcinha é um look que não tem erro!?

19. Pés bonitos.

20. A pose delas de fazer xixi, com as perninhas viradas pra dentro e com a calcinha abaixada.

A mulher no banheiro, delicadamente envergonhada da intimidade do teu olhar.

21. Cabelo molhado.

Na rua, a qualquer momento do dia, indicando um banho tomado fora de hora.

22. O jeito dela de se preocupar com a gente.

23. Um decote bem utilizado.

Eu não julgaria mal um decote mais ousado e não acredito na existência de decote vulgar. Veja um espécime em http://revistaquem.globo.com/QUEM-News/noticia/2012/10/jennifer-aniston-deixa-parte-dos-seios-mostra-em-jantar-de-gala.html

24. Quando ela morde a pontinha do óculos.

A pontinha do lápis, o canudinho, um bombom, um morango ou, por falta de opção, o teu ombro!

25. Coque bagunçado.

26. A forma na qual o cabelo cai naturalmente no rosto e o jeito dela de tentar arrumar.

27. Ela tomando sorvete.

Muito explícito, não vou comentar... rs.

28. Quando ela fica com frio e usa nosso moletom.

29. Vestido comprido e pés descalços.

Pisando na areia ou na terra, molhada da chuva, dançando sem música e te olhando nos olhos.

30. Ela passando do banheiro pro quarto só de calcinha pra se arrumar.

Sem nada e tranquilamente e, ao te ver observando, surpresa por só então perceber-se nua (muito bíblico isso...).

31. Covinha nas costas (vulgo “apoio pra dedão”).

Com uma calça de ginástica, com cós baixo.

32. O jeito de andar.

Com um ritmo e melodia, que todas as partes parecem formar uma banda que toca uma música só para você.

33. Jeans + blusinha branca.

Bom exemplo de como as mulheres às vezes subestimam o forte poder e apelo sedutor de visuais  básicos.

34. Tatuagem (principalmente as que só dão pra ver uma parte e deixam todo mundo curioso pra ver o final).

Sei lá, acho que a tatuagem não precisa provocar a curiosidade sexual. Acho que as marcas na pele feminina, lhes dão uma realidade importante, que equilibra o arrebatamento etéreo, sanguíneo e onírico que a beleza nos causa e nos resgata desses desencarnes fugidios que nos acometem a sua nudez.

35. Um pouco de gordurinha pra ter onde pegar.

Existe uma linha mágica, chamada Tesão, que divide o corpo ideal do corpo real. Depois dela, preocupar-se com os detalhes é perder o Todo. Ultrapassada a linha, que é o que deve ter acontecido se você está pegando em algum lugar (só pegue se tiver realmente vontade), é na pessoa real e não na modelo da revista que sua cabeça vai/deve estar.

36. Atitude.

Quando o que os outros esperam de você já não conta tanto. Quando você já aceita o que os outros pensam de você. Quando você mesmo pára de se cobrar para ser o que acha que deveria ser e se aceita do jeito que é, e curte isso. Essa atitude fica cada vez mais entranhada em você e isso é de matar de tão bom...

37. Quando arranham sem machucar.

Isso me fez pensar num hipotético filme Tropa de Elite 3. No treinamento, em vez de rolar na lama e sambar no arame farpado, uma mulher seduz, pega e arranha o aspirante. Se ele não resistir a pressão, ele pede prá sair. Meio sem sentido. Traduzindo: Dá prá segurar uma machucadinha pelo momento, ou não?!

38. O rosto dela visto de cima quando dorme no nosso peito.

Aninhado, tranquilo, com respiração pausada, revelando um leve sonho e, se for o seu dia de sorte, vai ver escapar - daquele mundo de lá para esse de cá - um pequeno sorriso maroto e feliz, com traços de cumplicidade e retrogosto de carinho e proteção.

39. Quando ela acorda de calcinha e se espreguiça gostosamente.

E você teve o tempo e o bom-senso para ficar apreciando ela dormindo para poder coroar o deleite nesse exato momento.

40. Blusa que deixa um ombro de fora.

E o ombro leva ao trapézio, e do trapézio ao pescoço, e - fechando os olhos - do pescoço cheiroso... aonde mais você quiser ir.

41. Ela totalmente depilada.

É verdade; mas o Xico Sá também tem certa razão: http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/09/03/manifesto-por-uma-politica-pubiana-responsavel/

42. Blusa sem sutiã.

Prática em desuso hoje em dia, o que é um dos motivos da minha descrença no princípio jurídico da proibição do retrocesso dos avanços civilizatórios. Sem sutiã, ou com os modelos mais delicados, a forma dos seios se revela, e neles livre o movimento, e eles dançam. E a dança...

"É concentração, num momento, 
da humana graça natural
... 
A dança-não vento nos ramos, 
seiva, força, perene estar, 
um estar entre céu e chão, 
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão,
libertar-se por todo lado" 

(Carlos Drummond de Andrade).

43. O cheiro delicioso que deixam na casa depois do banho.

É que a água levou os outros cheiros que nela se infiltraram e acordou os próprios cheiros dela, que agora circulam livremente, como crianças a brincar na rua.

44. Quando elas não usam maquiagem.

E ainda assim continuam tão lindas, às vezes mais lindas ainda.

45. Ossinho saliente na cintura.

Faz saltar, da evidência da sexualidade, que aquele corpo é forte e frágil ao mesmo tempo.

46. Sentir todo o corpo dela quando dormimos de conchinha.

Uma das mais altas expressões da simetria dos opostos feminino e masculino, realidade viva e energética da qual deve ter nascido o símbolo do Yin e Yang e todas as demais complementaridades harmônicas.

Fogo precisa de ar.

Texto de NATHALIA ZIEMKIEWICZ em Sexpedia:  http://colunas.revistaepoca.globo.com/sexpedia/2012/09/06/fogo-precisa-de-ar-ou-por-que-voces-nao-transam-mais/

Abaixo, trecho selecionado:

“Fogo precisa de ar”. Ouvi essa frase em 2009, durante uma entrevista com a terapeuta sexual Esther Perel. Nunca mais esqueci. Ela afirma que intimidade não garante sexo de qualidade. E que desejo precisa de espaço, um certo distanciamento. Algo difícil de praticar na vida doméstica, com o excesso de convivência entre marido e mulher. No livro “Sexo no Cativeiro” (Editora Objetiva), leitura muito útil para quem quer entender como a relação esfriou, Esther compara casamento a confinamento. Mostra como a proximidade aumenta a parceria do casal, mas pode apagar o tesão. Por um lado, queremos a segurança e a estabilidade. Por outro, queremos mistério e imprevisibilidade."

O que dá sentido a sua vida?

Texto interessante sobre a vida em http://amnerisamaroni.wordpress.com/2012/10/27/o-homem-que-nao-estava-la-uma-das-subjetividades-contemporaneas/

Abaixo, um trecho:

"Merseault – o personagem do romance – leva uma vida banal. Sabemos a sucessão de atos descontínuos que marcam o romance: seu superior lhe indica que poderá ser promovido, Merseault  responde que ¨tanto faz¨. Aliás, para ele quase tudo ¨tanto faz¨. Tanto faz ser ou não amigo de Raymond, o ¨comerciante¨; tanto faz também ser testemunha do mesmo Raymond contra a mulher que espancara violentamente;  tanto faz casar ou não com Marie – mas se ela quiser se casar porque não? Já que para ele ¨tanto faz¨! Todas as suas ações respondem a demandas do outro, não são genuínas, não partem dele."

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Rejuvelhecer.

Acidente. Maldição. Surpresa. Horror.

Esse meu futuro que já nasce querendo morrer, eu renego.

No meu último passo de marido, levanto os olhos à frente, e eles estão cegos para o amor.

Meus ouvidos também não te suportam,  arquiinimigo inesperado da minha vida.

PRECISO CALAR-TE.

Dei meu primeiro passo de peregrino e já não há lugar para ti no meu mundo.

Te aconselho viver numa caixa de sapatos, trabalhar, receber alguns trocados e deixar que as pessoas tropecem em você.

...

Ora, levante-se, e pare de agir como um velho.

Eu sou velho. Vivo no meio de velhos, me vejo, penso e sinto como um velho.

Por que você está enganando todo mundo assim?

O que há de errado comigo? Estou dando um adeus silencioso demais a você!

Crescer é uma coisa esquisita, escapa da gente. A gente espera do mundo, e o mundo espera de nós.

E prepare-se para o amor, quebrar regras, presentear promessas, desapontar, envergonhar-se, rir e chorar, e fazer tudo isso de novo.

O universo é um hotel no qual vivemos vidas paralelas.

À beira da piscina, sob as estrelas, sou teu namorado apaixonado que te faz companhia enquanto dizes do teu dia e dos teus sonhos.

Num dos quartos, sou teu amante, e estamos jantando. E à mesa te digo para não devorar tudo, porque, quando acabar o amor, só servirá bem a guerra.

E no andar de cima, entrei no quarto errado e, envolto numa fina ausência de lembranças, você que era minha mulher, agora é minha mãe. Paira no ar, embalada num incesto, a saudade de ter amado uma vez.

Receba um abraço apertado de quem você gosta!

Às vezes você troca muita coisa por nada. Mas é porque você queria tudo.

Nunca se sabe o que está reservado para você.

Certas pessoas estão aqui mesmo para o que der e vier; mas o corpo e a alma têm de estar marcados, para isso acontecer.

Podemos estar incomodados pelo jeito que as coisas aconteceram, mas quando chegar o fim, é preciso se deixar levar.

Uma tempestade terrível se aproxima, propõe-me trocar o que eu quero pelo que eu devo fazer. Quando passar, vai deixar um ar fresco e cheiro de terra molhada.

Algumas coisas mudam.

Algumas coisas não se esquecem.

Nem um pouco dura.

Boa noite, meu amor.

Boa noite.

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Texto baseado no filme 'O curioso caso de Benjamin Button'. Abaixo o trailler:



sábado, 20 de outubro de 2012

E se vivêssemos todos juntos? (Et Si on Vivait tous Ensemble?)

Tudo começa com pequenas luzinhas bonitinhas e esvoaçantes.

A FÚRIA.

Você já teve uma explosão de raiva, e chamou a vida para a briga? Você faz isso bastante? Ela vem? Você já pensou que, um dia, estranhamente, ela não virá mais quando chamar?

(Virá quando bem entender).

Você tem uma avassaladora paixão por Justiça, por Igualdade, Fraternidade e  por um Mundo maior, menos mesquinho?

Pois saiba que existe algo simples para matar essa fome. Não vou contar, mas é uma coisa que faz um velho ter a sorte de um moço.

Apesar do alívio momentâneo, quisera eu que as coisas fossem tão fáceis. Mas para os nascidos sob o signo da luta, do controle, do poder e da raiva, é natural que passem a vida toda nesse caminho, sem cogitar a saída honrosa da covardia. Mas um dia você será confrontado com ela e terá que escolher.

O DESEJO.

Seios grandes: não é que você vai construir sua vida toda em cima deles, mas são um ótimo começo.

Alguns de nós, vivem uma paixão pela beleza. Ela vive em nossos olhos, nos leva para passear quase todos os dias, dorme em nossa cabeceira, mas não na nossa cama - como dorme com os outros.

Por isso, quando eu for velho,
Num extenuante encontro sexual na escada,
É provável que eu cante para minha companhia:

ô ô ô ô ô ô,
assim voce mata o vovô,
ô ô ô ô ô.

Depois, acamado, não quero que cuidem de mim.

E não me ameace: Já vi amarrarem um balão rosa num velinho e ele ficar ridículo, mas isso não vai me intimidar.

O ADEUS.

Jeanne, Jane Fonda, Barbarella... a todas, um brinde, com um bom vinho francês.

Ai que saudade daquele passado viçoso, mas pelo menos hoje, para quem não nasceu ontem, dá para olhar melhor, e ver quando uma coisa importante está acontecendo.

Como teu marido, optei por nós, a custo da minha consciência e de nossa cumplicidade, e agora olho para você e sinto uma terrível e antecipada saudade; vou arrancar esta página e ainda assim não vai adiantar...

O tempo é precioso, e quando acabar, é bom que deixemos mais coisas boas que ruins para os outros.

Um último brinde à fonte invertida e borbulhante do esquecimento, dos bons e dos maus momentos.

E por fim, como jovens lúcidos, sairemos loucamente a procurar, aquilo que não podemos encontrar, porque... a vida não é apenas dura, mas bela também.


Baseado no filme "E se vivêssemos todos juntos? (Et Si on Vivait tous Ensemble?):



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A marca

sexo casual.

controle da raiva. socar, desfigurar, somos todos capazes.

às vezes eu caminho pela noite, chamando um algoz para uma nova experiência.

acho que ele dormia com qualquer uma que aparecesse. carnes nobres.

sangue: examinando, dá para saber se as pessoas são boas?

essa beleza despretensiosa, esguia e perigosa.

ô seu filho da puta. quem te deu esta liberdade?

às vezes a gente se excede! Me escute: somos levados.

a luz vermelha - aura de sangue - esconde a sombra que me persegue em meus sonhos.

quem fere mais? o ferro ou a beleza?

vai brigar comigo? o que que eu fiz?

parceiros falam a verdade um para o outro.

e às vezes propõem um brinde que o outro não pediu.

algumas mulheres são a personificação da desonra. Parece que todos a conhecem.

confiar... todo mundo tem mais inimigos do que pensa.

a gente esquece e acaba fazendo coisas que sabe que não deveria fazer.

e procura num copo aquilo que a carne não consegue encontrar. azar no amor.

mas, sabe, a beleza não é a mesma, quando desfalecida no chão.

foi íntimo? foi.

foi íntimo? eu não sei.

você cometeu um crime que requer uma forma de justiça muito especial.

e tudo acaba num quarto vazio.

até mais tarde, estranha.

vamos começar de novo?

tem um tipo de passado que é o pior deles. te visita de quando em quando, sem te avisar, implacável. te leva quando e como quer.

quando falamos de nossos pais, estamos falando de nossa origem. seus pais tinham esse mesmo ódio.

agora as coisas estão fazendo sentido. estão sendo conduzidas, por um cara muito competente, por um zeloso psicopata. e ele te diz: ainda tem um teste que você tem que passar:

teste!

Baseado no filme 'A marca' (Twisted - 2004):








segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Não é a proximidade do Outro que me incomoda,
E sim a estranheza que sinto ao encontrar meu eu nele exilado

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Cada vez mais...

Cada vez mais prefiro,
Ser a Ter,
Ser a Saber,
Ser a Fazer,

E o tirano em mim, cada vez menos me obriga a,
Manter-me numa distância segura dos outros,
Dis(trair)-me de mim,
Usar o controle remoto do 'Click',

Mas ainda me assola,
Prometer,
Pertencer,
Amar,

E me amola,
Desejar,
Lutar,
Fracassar,

E me amola ainda mais,
Fingir não ser, do que fingir ser,
Deixar de pagar ao bem, do que deixar de pagar ao mal,
Errar por omissão, do que errar por ação,

E me define,
Andar por aí como se buscasse,
Mesmo sendo sem graça alcançar miragens,
Pois o bom mesmo é encontrar-se,
Con1sigo novo e belo,
Que só se revela,
Quando o outro deixa de ser o Outro,
E o eu-exilado é recebido com alegria de volta ao Lar.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Delícia de trailler

A beleza do cinema... inclusive  num trailler...




Alguns recusam o empréstimo da vida para evitar o débito da morte

"Alguns recusam o empréstimo da vida para evitar o débito da morte
...
... as pessoas que morrem mais felizes são as que melhor viveram suas vidas. E acredito que isso se deve ao fato de que elas não têm grandes arrependimentos por não ter vivido suas vidas. Afinal não precisam se arrepender de ainda não ter dito as pessoas ao seu redor como as ama, pois já disseram. Não se arrependem de não ter contemplado a beleza da natureza e da vida, pois já a fizeram. Não se arrependem de não ter rido e ter se divertido mais, pois fizeram de suas vidas uma grande alegria. Ou seja, não temem tanto a morte, pois já foram se despedindo de suas vidas aproveitando todas as oportunidades que ela lhe ofereceu. ..."

Texto de Claudia Goellner Signoretti veja em 

http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_33962/artigo_sobre_alguns_recusam_o_emprestimo_da_vida_para_evitar_o_debito_da_morte

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ferreira Gullar: cabra bom.

Veja a entrevista completa em: http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/ferreira-gullar-uma-visao-critica-das-coisas/

E os trechos ímpares:

"A luta dos trabalhadores, o movimento sindical, a tomada de consciência dos direitos, tudo isso fez melhorar a relação capital-trabalho. O que está errado é achar, como Marx diz, que quem produza riqueza é o trabalhador e o capitalista só o explora. É bobagem. Sem a empresa, não existe riqueza. Um depende do outro. O empresário é um intelectual que, em vez de escrever poesias, monta empresas. É um criador, um indivíduo que faz coisas novas."
 
"A força que torna o capitalismo invencível vem dessa origem natural indiscutível. Agora mesmo, enquanto falamos, há milhões de pessoas inventando maneiras novas de ganhar dinheiro. É óbvio que um governo central com seis burocratas dirigindo um país não vai ter a capacidade de ditar rumos a esses milhões de pessoas. Não tem cabimento."

"Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo."

"O capitalismo é uma fatalidade, não tem saída. Ele produz desigualdade e exploração. A natureza é injusta. A justiça é uma invenção humana. Um nasce inteligente e o outro burro. Um nasce inteligente, o outro aleijado. Quem quer corrigir essa injustiça somos nós. A capacidade criativa do capitalismo é fundamental para a sociedade se desenvolver, para a solução da desigualdade, porque é só a produção da riqueza que resolve isso. A função do estado é impedir que o capitalismo leve a exploração ao nível que ele quer levar."

"Quando ouço alguém dizer que as famílias internam os filhos porque querem se ver livres deles, só posso pensar que essa pessoa gosta dos meus filhos mais do que eu. Nunca viu meu filho, mas ama meu filho mais do que eu. Absurdo. Você não sabe o que é uma família ter um filho esquizofrênico. Além do problema do tratamento, existe o desespero de não saber o que fazer."

"O mundo aparentemente está explicado, mas não está. Viver em um mundo sem explicação alguma ia deixar todo mundo louco. Mas nenhuma explicação explica tudo, nem poderia. Então de vez em quando o não explicado se revela, e é isso que faz nascer a poesia. Só aquilo que não se sabe pode ser poesia."

"Com o avanço da idade, diminuem a vontade e a inspiração. A gente passa a se espantar menos. Tem poeta que não se espanta mais, mas insiste em continuar escrevendo, não quer se dar por vencido. Então ele começa a escrever bobagens ou coisas sem a mesma qualidade das que produzia antes. Saber fazer ele sabe, mas é só técnica, falta alguma coisa. Não se faz poesia a frio. Isso não vai acontecer comigo. Sem o espanto, eu não faço.

Escrever só para fazer de conta, não faço. Eu vou morrer. O poeta que tem dentro de mim também. Tudo acaba um dia. Quando o poeta dentro de mim morrer, não escrevo mais. Não vou forçar a barra. Isso não vai acontecer."

Grifos meus.

PS. Contei os trechos, e embora cada um seja ímpar em si, no conjunto (8) eles são pares.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O que Luiz Gonzaga e Leonard Cohen têm em comum?







"...cada um nasceu, prá falar, prá dizer, de forma diferente o que todo mundo sente." (Raul Seixas - Ave Maria das Ruas)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Torna-te o que tu és... Como assim?

Há alguns anos uma frase tem me intrigado e ainda que certo de sua verdade nunca consegui alcançar-lhe o significado:

"Torna-te o que tu és!"

Pois não é que hoje, folheando despretensiosamente uma revista, leio a entrevista de Ana Cecília Carvalho (autora de 'O livro neurótico de receitas') e me deparo com a solução:

"Deixe de ser o que tu eras e torna-te o que tu és!"

Há também a contribuição da Eliane Brum, que tinha um con-texto maior, mas que cai muito bem aqui: "Sempre fomos, mas tornar-se é saber que se é."

E aí vejo que voltamos a outro mandamento central - "Conhece-te a ti mesmo" - ou, em latim, nosce te ipsum.


terça-feira, 18 de setembro de 2012

Adoro mistureba!


Adoro mistureba. E esse mestre fez uma bem legal

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A minha vida. Do meu jeito.

Linda música e interpretação sobre tomar as suas decisões e viver a própria vida com coragem:


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Olhos de neon


Espelhos d'água para um mergulho rápido;
Águas caribenhas com peixinhos plim;
Apenas olhos de um neon azul pueril;
Dados a vagar devagar demais;

Adormecido o dia, enfastiado da beleza,
Deram de beber aos gênios das garrafas,
E reconciliaram Deus e o Diabo,

Que decidiram morar juntos,
E tiveram um monte de filhinhos,
E enquanto Deus cozinha,
Medita na beleza nada pueril de sua família.

sábado, 1 de setembro de 2012


Para quem gosta de viagens intimistas, insólitas e de Pink Floyd.
Um clássico (sempre atual): Força para lutar, leveza para perdoar e discernimento para distinguir a hora de cada coisa.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

wild is the wind

eu não entendo nada de música, mas ouça aí 'Wild is the wind' com Nina Simone:


segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O Brasil é o Paraíso... Penal!

Era uma vez, três bons amigos que se conheciam desde pequenos e viviam bem longe daqui. Desde pequeninos mostraram não apenas uma queda, mas uma paixão pelo crime.

O mais novo era um bobão, cometia pequenos furtos, brigava na rua, ameaçava e se contentava com qualquer coisa na mão, e só era respeitado porque partia para a ignorância com a maior facilidade. No final, nunca ganhava nada que valesse a pena e desperdiçava todo o seu pequeno dinheirinho na primeira oportunidade.

O segundo já era mais esperto e adorava dinheiro. Como pequeno surrupiador já furtava as chupetas dos outros bebês antes mesmo de engatinhar. E deu seus primeiros passos como estelionatário já nos primeiros anos do colégio. Sempre conseguia muito dinheiro e vestindo as melhores roupas estava sempre cercado das mais bonitas porquinhas.

O terceiro era o mais inteligente. Sempre protegido por Brutus. Sempre aproveitando das coisas boas  das quais Riquinho estava cercado. Mas ele lia, ele estudava, prestava muita atenção nas coisas e nos outros. Era admirado porque nunca fora pego em suas malandragens. Pobre Brutus, sempre se ferrava nas suas, já Riquinho escapava na maior parte das vezes.

Crescidos, resolveram dar um grande golpe. Estrela, claro, planejou cada detalhe. Riquinho usou de seus recursos e contatos. Brutus 'colocou as patas na massa' e fez as coisas acontecerem. Ficariam milionários mas como parte do plano, seriam obrigados a se separar e mudar de vida.

Com que alegria começou aquela noite de comemoração após o golpe.  Eles jogavam os maços de notas para cima, riam dos idiotas que roubaram e relembravam as travessuras da infância. No fim, uma certa tristeza, ao trocarem os envelopes lacrados que continham os futuros destinos de cada um e que somente deveriam ser abertos em caso de vida ou morte.

Brutus, sem imaginação e preguiçoso como era, acabou ficando ali mesmo em sua terra natal. Cheio da grana e poderoso, bebia todo dia com novos amigos, brigava às vezes e continuou sua vida assim, gastando rapidamente uma fortuna, das formas mais absurdas possíveis e sem perceber acabou ficando rapidinho sem dinheiro.

Neste momento, chegou a hora do acerto de contas de Brutus com a Justiça. O implacável investigador da Interpol, conhecido como o Lobo da Lei, descobriu o seu rastro e rapidamente ficou cara a cara com Brutus e lhe disse: A casa caiu, é inútil resistir. Num lance de sorte, Brutus ainda conseguiu abrir o envelope de Riquinho e ler: Ilhas Cayman, Paraíso Fiscal. Numa noite fria, a tempestade o ajudou a fugir e ele foi em busca de seu amigo.

Chegando no Paraíso Fiscal, Brutus contou sua desventura com o terrível detetive e como quase foi parar atrás das grades para sempre. Riquinho abraçou seu velho amigo e lhe disse que não se preocupasse pois tinha ainda mais dinheiro que antes e eles estavam muito seguro naquele belo paraíso fiscal.

Contudo pouco tempo havia se passado e o tinhoso investigador já havia descoberto o paradeiro dos amigos.

Mas dessa vez não foi fácil. Riquinho tinha muitos amigos e era até amigo da própria justiça. O inspetor tentou e não conseguiu, tentava colocar as garras nos bandidos mas eles escorregavam... Foi só pela sua insistência que, finalmente, conseguiu bloquear todo o dinheiro de Riquinho e estava a agarrá-los quando... Riquinho viu que era a hora de partir, abriu o envelope de Estrela e leu: Brasil, Paraíso Penal!

- Estrela é um verdadeiro gênio! comentavam Brutus e Riquinho enquanto voavam de primeira classe para o Rio de Janeiro (como muitos outros antes deles já haviam feito). Claro, o lugar certo estava na nossa cara desde o início, todos aqueles filmes e todas aquelas histórias reais, quando alguém comete um crime, para que lugar os malandros fogem?

Tal como está registrado nos filmes (a arte mente, mas só um pouquinho...) os amigos se encontraram usando chapéus Panamá, e ao contar suas desgraças, choravam e sorriam ao mesmo tempo, tomando caipirinhas, ouvindo samba e olhando as bundas e o requebrado delicioso das mulatas.

Brutus, embora confiasse em Estrela, já estava cansado das perseguições do Lobo da Lei e perguntou se era mesmo certeza que ali era tão seguro assim como falavam. Estrela começou contando-lhe histórias como as de Ronald Biggs e Josef Mengele, e explicou que eram apenas boatos que diziam o contrário e que os dados os favoreciam francamente.

Disse-lhe ainda que no Brasil é tradição  defender os direitos dos criminosos mais do que os direitos do restante de toda a sociedade. Os brasileiros respeitam tanto o indivíduo e são tão cristãos, brincou, que um lobo desgarrado é mais importante do que todo o resto dos seres viventes.

Inteligente como era, Estrela tratou de afastar as generalizações logo no início: - tudo o que vou dizer, veja bem, não se aplica a todas as pessoas, a todos os profissionais e a todas as instituições... Mas não precisamos de todos, certo? Basta alguns, em suficiente número - e aqui temos de sobra - para garantir nosso Paraíso Penal. E dentre centenas de milhares de advogados muitos dos bons (e bem pagos) lutam para preservar as coisas assim e não vai ser uma meia dúzia teimosa que vai mudar tudo.

E continuou:

Embora a prioridade seja a proteção de criminosos do colarinho branco, o ambiente em geral é seguro até para quem comete o crime mais grave. São muito mais de 10 chances de ficar livre... Enfim, o próprio povo tem a sua culpa  e ele é a fonte inesgotável que abastece todas as profissões nas quais temos os nossos amigos que nos favorecem.

E Estrela continuou contando as vantagens de seu Lar por dias e dias...

E a todo momento seus amigos sorriam aliviados.  Enquanto isso, o infeliz Lobo da Lei, que os tinha seguido até lá e insistiu em ficar ouvindo tudo do lado de fora, ia aprendendo que ouvir essa conversa era prova ilícita, que denúncia anônima era prova ilícita, que demorar muito ou ir muito rápido anulava o processo etc. etc. E olhou chocado para essa fortaleza inexpugnável e viu que dessa vez iria soprar, soprar e soprar até... morrer de soprar!

domingo, 12 de agosto de 2012

Confissões de um fantasma.

Pensem comigo, um fantasma é uma coisa que não existe. Ou pelo menos não deveria existir. Como ele consegue? É a força de vontade. A força de vontade te permite fazer praticamente qualquer coisa, menos ser... então, ele quase existe... É por isso que ele precisa necessitar de algo, ele precisa de um propósito.

Os fantasmas, nos filmes, são pouco nítidos, mas na vida real são idênticos a uma pessoa de verdade, só por dentro é que são turvos. Foi-se o tempo em que precisavam ser alegóricos, como o homem de lata (O Mágico de Oz), para que os aceitássemos.

Um fantasma é feito principalmente de força de vontade, ou, nas palavras do Agente Smith (Matrix Reloaded): “... Não há como fugir da razão, como negar o propósito...pois, como ambos sabemos, sem propósito, não existiríamos. Foi o propósito que nos criou. O propósito nos conecta. Ele nos impele. Nos guia. Nos motiva. O propósito nos define. O propósito nos une. … “

Fantasmas são assustadores! Quem iria querer topar com um deles, certo? Errado. Tal como os vampiros, fantasmas são sedutores, charmosos, atraentes, poderosos e na maior parte das vezes, bem vestidos. Ou seja, nós é que vamos ao encontro deles, e nos podem dizer: Vieste por tua vontade.

Ele precisa manter vivo o propósito, mas ao alcançar suas metas, ele que consegue tocar as pessoas mas não pode ser tocado, tampouco sacia-se com o prazer que com suavidade ou violência extrai de suas  vítimas. Suas metas são para ele o que o sangue é para os vampiros, e a força de vontade é a sua sede.

Ele alcança os objetivos aos quais se propõe, porque cada um deles constitui a metáfora de sua sobrevivência. Como alguém mergulhado em águas profundas, sente que se expirasse – abrindo mão do controle e deixando que os outros e o mundo sejam a seu modo – não poderia mais respirar, e num instante passaria da sobrevivência em risco a uma agonia aterradora. Não, ele não pode deixar isso acontecer, precisa vencer sempre. Por isso, faz de tudo e faz sempre melhor que os outros.

Demora-se para descobrir que alguém é um fantasma. Ele mesmo costuma ser um dos últimos a saber. Mas quando se percebe assim, um espectro sem vida, é assustador. E pode ser que lhe surja o desejo de ser uma pessoa de verdade. E aí ele finalmente descobre um limite, um desafio que o amedronta, pois uma das coisas que um fantasma não deve fazer é tentar deixar de ser um morto-vivo, pois a dor de uma vida plena pode matá-lo.

Para tentar de verdade, para ser, precisará amar, e isso não se alcança com força de vontade, e sim com a tímida coragem de quem tem tudo a perder e se arrisca assim mesmo. Não mais envolvido pela solidão e protegido por sua beleza de porcelana, o amor o fará sentir o calor do sol percorrer o seu corpo agora humano.

Enfim, um corpo de carne e sangue, mortal, e um belo coração, não mais invencíveis pela força de vontade, que o sustentava pairando no ar - tal qual anjo decaído que não quer decair totalmente.

E como mortal, finalmente será ferido, e morrerá.

E a ironia trágica de ter vivido como um morto – dentre esses tantos sonâmbulos que andam por aí fingindo ser - não será mais relevante, pois,  enquanto os outros reclamam, ele poderá encontrar paz na dor de morrer como um vivo, um pouco a cada dia, sem antecipar as coisas.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Feliz aniversário!

- Pô Zé, feliz aniversário hein!

- Obrigado, meu velho.

- Quantos anos você está fazendo?

- 36.

- Cara, olha só, agora você tem 36 anos...

- Infelizmente não tenho não. Estava lendo Rubem Alves e ele me disse que esses anos aí são os que eu não tenho mais... os que eu tenho são os que não gastei, os que ainda me sobram, mas esses eu não sei quanto são.

- Tá bom, filósofo complicador do c... Você não tem 36, mas guardou 36 anos, pois esses anos que você não tem mais, contém as histórias e tudo o mais que te fez como és. Assim, se não são certos os teus anos futuros, só te restam os passados, ainda que não os tenhas mais...

- Se eu entendi bem, os anos que não tenho, porque já passaram, são os que tenho porque guardei as memórias e os pedaços de mim e dos meus; e os que tenho, para frente, não os tenho porque não é certo que virão, afinal, como já cantou Raulzito 'Um escorregão idiota, num dia de sol, a cabeça no meio-fio...' Coisa que pode acontecer com os homens mais respeitáveis como Evandro Lins e Silva.

- Eu só queria te dar um feliz aniversário...

- Ué, me deste. Se não tenho os anos que passaram nem os que talvez venham, o que eu tenho? Você me ajudou a ver o que realmente tenho: O Presente. 

- E este agora eu o sinto pulsante em minhas mãos, coração e cabeça, ele viceja e escorre, me alegra e me entristece, me entendia e me estressa. 

Ele me dá a saudade, que é a boa forma de guardar os anos que já se foram;

E a esperança, que é a boa forma de viver os anos que talvez não venham.



domingo, 29 de julho de 2012

Desafiado pela constatação de que o Google está, de forma despretensiosa, apresentando questões filosóficas mais cruciais que as minhas, só me resta parafraseá-lo aqui, prezado leitor:

"Prove que você não é um robô"!

Vá até um espelho, veja a imagem que ali se reflete e a descreva aqui...

design inteligente x usos proibidos

O que se morde com a boca ou se conquista com as mãos são as coisas mais diversas... Mas só se morde, bochecha, engole, toca e agarra quando as medidas e formas se permitem e se completam.

Mas quem fez essas medidas coincidirem? O Acaso? O Diabo? Acho que não.

Há uma ironia entre o 'design inteligente', que fez as coisas como são, desses mil jeitos mesmo como as usamos, e os desígnios divinos sussurrados, que dizem que as mãos e as bocas não foram feitas para isso.

Não foram feitas? Então por que se encaixam?
Maldita fome!
...
Maldita saciedade!

Se tenho fome é porque me faltam alimentos, se tenho alimentos vem me faltar a fome.


quinta-feira, 31 de maio de 2012

Entrevista com uma baita de uma pessoa (Eliane Brum):

Primeira parte: Aqui, dentre outras coisas,você descobre que escutar de verdade é uma postura pessoal que lhe enriquece se transcende o utilitarismo nas suas atividades profissionais; http://www.youtube.com/watch?v=rln0WqI6tI8&feature=relmfu

Segunda parte: Aqui, dentre outras coisas, você aprende que contar a verdade, se for uma única verdade dentre as tantas verdades que a circundam, equivale, embora não seja, a uma mentira ; http://www.youtube.com/watch?v=26shR0oQ2Is&feature=relmfu

Terceira parte: Aqui, dentre outras coisas, você pode ver ou rever o fato de que 'grandes' pessoas não só admitem seus erros, como gostam e precisam muito dessa atitude; http://www.youtube.com/watch?v=DBenfWmTTu8&feature=relmfu

Quarta parte: Aqui, dentre outras coisas, aprendemos que as pessoas com as quais nos relacionamos são mais importantes do que objetivamos delas por obra de nossa profissão; http://www.youtube.com/watch?v=Q5Pi35pB0ds&feature=relmfu

Quinta parte: Aqui, dentre outras coisas, ficamos sabendo de uma galinha de verdade que foi flagrada em atitude suspeita e presa pela polícia; http://www.youtube.com/watch?v=XZISVP78NoI&feature=relmfu

Sexta parte: Aqui, dentre outras coisas: suas histórias provocam os nossos próprios constrangimentos, ela, como escritora, dá a mão ao leitor, mas para passar em lugares estranhos e difíceis; http://www.youtube.com/watch?feature=endscreen&NR=1&v=DIf2X6oq8EM

Enfim, espero que gostem.

PS. Se o link não funcionar, copiem e colem no navegador.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

""Inteligentíssimo. Mas desonesto."

(Visão literária do escândalo da Operação Monte Carlo e dos questionamentos feitos por alguns parlamentares ao Procurador-Geral da República)

(Local, 'Delegacia de Polícia', com uma balança da justiça de cabeça para baixo, na parede do fundo. Na sala, dois criminosos, com máscaras mas muito bem vestidos. um deles com pinta de delegado, sentado a mesa. O outro em pé ao lado do interrogando, o PGR.)
- Nome?
- Roberto Monteiro Gurgel.
- Profissão?
- Procurador-Geral da República.
- Pois bem cidadão. Recebemos uma denúncia aqui de que o senhor anda investigando...digo, não anda investigando crimes que deveria investigar...
- Eu não entendo... O que está acontecendo aqui?
- O senhor está sendo acusado e deve responder às perguntas. Queremos ouvi-lo...
- Mas vocês não são da polícia, nem do ministério público!
- Isso não vem ao caso. O senhor tem que falar porque não investigou esse caso.
- Mas eu investiguei...os inquéritos e as medidas policiais e judicias foram e estão sendo adotadas... Eu não conheço vocês de algum lugar?
- Não.
- Acho que conheço sim... de um processo talvez... vocês não têm amigos naquele processo...
(safanão)
- Presta atenção que podemos lhe prejudicar muito, a você e a sua família, é melhor não mexer com a gente... O senhor sabe que temos muito interesse nessa investigação. Essa sua postura é muito grave.
- Eu ainda acho que, como Chefe do Ministério Público Federal e como titular desta ação, era eu que deveria estar fazendo as perguntas a respeitos dos crimes cometidos... Mas vocês acusarem o acusador é um absurdo. Um amigo meu, gaúcho, diria que em horas como essas parece que são "os postes estão mijando nos cachorros".
- Discordo. Nós sacamos primeiro e o convocamos antes. Quem mandou demorar...
- Eu estava investigando e processando, como sabem, isso é muito trabalhoso. Vejam por exemplo esse caso do mensalão, são milhares e milhares de documentos...
- Não mude de assunto, nós que o estamos interrogando agora!
- Tenho uma curiosidade: como vocês conseguiram marcar esse interrogatório?
- Mágica! Mas falando sério, não concordas com a gente que é uma ótima estratégia essa de interrogá-lo logo agora que estás avançando no trabalho? Como tem um monte de gente na lama, o público vai achar que você é mais um... e aí nossos amigos escapam.
- De fato, é inteligentíssimo. Mas não é honesto.
(PGR levanta-se. Interrogadores surpresos.)
- Bem... Desculpem-me, mas eu preciso continuar o meu trabalho.
(PGR sai)"

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Conhecendo a floresta - Parte I

Num belo dia eu a vi como nunca mais veria. Tudo começou quando, corajosa e despretensiosamente, eu me afastei do centro da cidade, onde morava, e caminhando, e pensando, num liiiiiindo dia de sol, fui dar nos arredores da cidade.

Foi sentado num café, quando as leituras já não me distraiam, que levantei lentamente meus olhos e a vi, a  mulher mais bela que eu havia visto neste mundo. Ela estava parada a minha frente, a uma certa distância, mas a sua presença era tão extensa que mesmo a essa distância me chegava o seu cheiro. Eu nunca havia sentido nada igual, não se tratava de um bom perfume qualquer, mas era o odor natural de uma virgindade, inconfundível, que não fazia sentido algum em estar ali, naquela parte da cidade.

O sol a iluminava toda. E eram tão perfeitas, sinuosas e harmônicas as suas partes, que eu só sabia que ela as tinha por obra intelectual, pois olhando para ela, dessa vez eu não via partes. Juro que mal vi os mais maravilhosos seios e o templo da bunda com os quais a mãe natureza havia presenteado esta filha, porque ela toda, transcendia o meu olhar comum.

Nesse dia, de nosso primeiro encontro, o irmão vento se divertia junto com seu resplandescente irmão mais velho. Assoprava-a por todos os lados. Ao redor do seu corpo, dava voltas, em suas copas buscava, sem sucesso, embaralhar-lhe os cabelos crespos e viçosos e quando soprava por baixo, me inebriava com o cheiro de terra fresca, fértil.

Não me era permitido ficar indiferente a ela. Desta vez não tive que me esforçar para fazer ou não fazer algo. Simplesmente me levantei e, a passos lentos me dirigi decididamente a ela. Lembro que demorei a chegar. Foi aí que percebi que era a sua imponente que a fazia parecer próxima, enquanto distante. Assim, nesse primeiro dia, não a alcancei, embora tenha me apresentado. Ela, com esse jeito próximo-distante, me faz caminhar muito mais do que eu desejava, mas também tornou suave o que era uma caminhada íngreme.

Meu desejo era voltar a ela muitas vezes. Sentencie-me a esse destino incerto com a maior das alegrias. Não contei a ela sobre meus propósitos para que ela não me tivesse já por seu. Mas ao tocá-la enquanto me despedia, senti-a impassivelmente sabendo o que se passava comigo.

...

(Continua...em algum ditoso dia futuro!)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Vivia minha vida de preso, pensando estar livre.
Agora vivo minha vida de preso e sou livre.
Talvez tenha sido condenado a viver muitas de minhas encarnações em uma vida só.
E sendo assim, é sempre pouco o tempo que tenho.
E ainda que tenha recebido muito do mundo, achava que era pouco o que recebi dos meus.
Mas muitas vidas para viver em uma só é muito, mesmo para mim. Mesmo para você.
Num mundo que te dá mais do que você pode receber e me pede mais do que eu posso dar.
Uma parte desta minha vida já se foi, as outras, como todas, a cada dia floresce, e se desfaz.
Eu mesmo me consumo num 'como se' fosse. Como se fosse real, como se fosse importante, como se fosse durar, mas se durar, isso já não me pertence mais...
Deixo obras incompletas, que não saberei se são 'esqueletos da Encol' ou sementes.
Deixo porque tenho outras vidas para viver, todas agora, nesta vida, vocês não podem me ajudar nisso.
Para outras encarnações postergo a devolução do amor que recebo nesta, e isto as vezes me imerge numa suave infelicidade.
Mas aos meus, e eles sabe quem são, eu dedico as brechas de meu coração.
Com amor,
Aureo