quinta-feira, 12 de abril de 2012

Vivia minha vida de preso, pensando estar livre.
Agora vivo minha vida de preso e sou livre.
Talvez tenha sido condenado a viver muitas de minhas encarnações em uma vida só.
E sendo assim, é sempre pouco o tempo que tenho.
E ainda que tenha recebido muito do mundo, achava que era pouco o que recebi dos meus.
Mas muitas vidas para viver em uma só é muito, mesmo para mim. Mesmo para você.
Num mundo que te dá mais do que você pode receber e me pede mais do que eu posso dar.
Uma parte desta minha vida já se foi, as outras, como todas, a cada dia floresce, e se desfaz.
Eu mesmo me consumo num 'como se' fosse. Como se fosse real, como se fosse importante, como se fosse durar, mas se durar, isso já não me pertence mais...
Deixo obras incompletas, que não saberei se são 'esqueletos da Encol' ou sementes.
Deixo porque tenho outras vidas para viver, todas agora, nesta vida, vocês não podem me ajudar nisso.
Para outras encarnações postergo a devolução do amor que recebo nesta, e isto as vezes me imerge numa suave infelicidade.
Mas aos meus, e eles sabe quem são, eu dedico as brechas de meu coração.
Com amor,
Aureo