domingo, 1 de dezembro de 2013

Sou homem e amo...no futebol!

Vivemos numa cultura na qual é difícil para a maioria dos homens expressar o que sente. Afinal, podemos sentir qualquer coisa como apego, dedicação, confiança, esperança, dúvida, medo, tristeza, amor etc.

Com o tempo, alguns com mais, outros com menos, vamos aprendendo a expressar nossos sentimentos, um pouco com nossos pais, mais espontaneamente com nossas mulheres, mais naturalmente com nossos filhos. Mas expressar em público, perante outros homens, continua sendo um tabu.

Sentimentos relativos à sensibilidade e à fragilidade parecem ter sido reservados apenas às mulheres, como se os homens não sentissem tal coisa. Daí vem toda aquela ladaínha de "viadinho", "mulherzinha" etc. com a qual brincamos ou xingamos outros homens ainda que não tenhamos colocado em xeque sua opção sexual. Com isso estamos sendo papagaios de uma cultura herdada sobre a qual talvez não tenhamos refletido sobre o quanto realmente ela é importante para nós ou não.

Mas os sentimentos não são uma dimensão pessoal que possa ser simplesmente ignorada e, nesse momento podemos dizer: Ainda bem que temos o futebol!

No futebol - e alguns homens talvez apenas no futebol - podemos ser livres. Podemos abandonar a racionalidade e sentir. Podemos abandonar o utilitarismo e termos orgulho de sermos leais a um time ainda que ele só nos traga tristezas, vivendo um nobre sentimento de fidelidade.

No futebol podemos acreditar em um time, confiar que ele vai vencer, ainda que contra as probabilidades. Somos, portanto, homens de esperança, aquela esperança que muitas vezes não nos permitimos num dia a dia duro e frustrante.

No futebol podemos abraçar nossos amigos e pular de alegria sem que sejamos chamados de "bichas". No futebol podemos chorar de tristeza, como crianças, sem ser xingados de "maricas".

Mas, acima de tudo, no futebol podemos amar. É nesse ambiente, é sobre esse fundamento e é nessas oportunidades que podemos nos permitir viver, publicamente, os sentimentos do amor.

O amor ao time. Ainda que um amor-guerreiro que muitas vezes depende da negação do time adversário para encontrar a própria identidade e o próprio valor. Mas é amor.

É amor porque no futebol, como torcedores, somos todos iguais e abandonamos a questão do poder. Ninguém é mais que ninguém e todos os torcedores são iguais e estão no mesmo barco, amarrados ao mesmo sentimento e destino.

É um amor indulgente, que nos liberta do fardo de lidar com a ambiguidade do amor-ódio que anda sempre presente. Amamos o nosso time, odiamos o adversário clássico, e isso basta.

É amor porque nos tira completamente da indiferença com que normalmente olhamos para tudo o que não nos atinge em nossos interesses individuais. Como torcedor, nada em meu time pode me prejudicar ou beneficiar diretamente: não me deixa mais rico ou mais pobre e não tem efeitos materiais sobre mim.

Mas que estrago faz em meu espírito e humor quando perde. E como enche o meu peito de alegria quando ganha. Ilumina ou escurece minha vida e posso contar isso, de boca cheia, para quem quiser ouvir. E vou ser aceito em meus sentimentos se expressá-los como torcedor.

O ciúme da mulher (do torcedor) pelo tempo roubado, pelo brilho nos olhos que não vem dela, também atesta que é uma relação de amor. Imagino que deva existir um sentimento dúbio no coração da mulher de um torcedor: feliz por vê-lo sentir, triste por não ser a causa.

Afinal, se não fosse amor, seria o que? Qual o sentido de um jogo ocupar tanto das vidas, do tempo e dos nossos recursos? Mas se é a chance de sentirmos, de cantarmos, de gritarmos (bora soltar os bichos e viva ao banho de sol para os demônios interiores), de chorarmos, de amarmos, aí tudo bem porque por amor, vale tudo.

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Uma leitura interessante sobre o tema da fragilidade, para homens e mulheres, é o Livro "Fragilidade"de Jean - Claude Carriére. Ed. Objetiva.

domingo, 27 de outubro de 2013

O brasileiro valoriza o conhecimento?

Distraído aqui numa agradável tarde de domingo fui assaltado por uma pergunta:

O brasileiro fala tanto na importância da educação, mas qual o valor que ele dá para o conhecimento? Ele realmente se importa com o conhecimento?

A princípio poderíamos cair na crítica fácil de dizer que não, não se importa, lê pouco e não dá o devido valor ao conhecimento.

Na verdade já observei em alguns diálogos que o brasileiro médio se importa sim, e muito como conhecimento. Coisas que se ouvem por aí:

"Rapaz, eu tô com um problema lá na empresa, mas não tô preocupado porque meu cunhado tem conhecimento lá na fiscalização"...

"Gostaria muito de ter conhecimento lá na prefeitura, para resolver isso aí..."

"Ele tem conhecimento lá na diretoria? dá para confiar nele?"

kkkkk

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Últimas reuniões da teia social em 2013




"O homem é o lobo do homem"

Vídeo de pessoas sendo espancadas e queimadas vivas em: https://www.facebook.com/photo.php?v=664996063512331

Os motivos pelos quais 'o homem se torna o lobo do homem' são variados.

A cena, chocante, me lembrou a 'banalidade do mal'.

Além dos maníacos algozes diretos, eu me espanto com a passividade de todo aquele grupo, ali, olhando.

Não importa a religião, a opção sexual, a cor da pele e nenhum outro motivo, nada pode agravar ou diminuir a crueldade animalesca que nos retira a dignidade humana e nos reduz a objetos. Sem um olhar mais atento, nossa sensibilidade só responde ao diferente; onde isso ocorreu, esses fatos talvez não sejam tão espantosos.

Nós também temos torturas, execuções e violações da dignidade a todo o momento, mas será que temos um olhar atento para percebe-las? Temos todos, cada um em sua escala, muito que evoluir ainda neste mundo.

Parafraseando Pepe Mujica: enquanto não fizermos nada a respeito da violência que nos cerca, ainda estamos na pré-história. Pré-história! portanto nada daquele papo de 'fim da história'...

 O único fim da história que acredito é o que pode ocorrer por 'culpa' dessa mesma sanha incontida de uns e passividade do restante que aparece no vídeo, e que em escala global pode levar-nos a desastres ambientais e sociais irreversíveis.

domingo, 28 de julho de 2013

Manifestações 4: Os vândalos são amigos dos corruptos.

Num país que não está acostumado com a participação popular, de vez em quando se ouve que os políticos são necessários para representar o povo, porque o povo precisa alguém para pensar por ele, porque...

...

porque...

(já sei): porque "vejam o que fazem quando saem na rua. Quanta selvageria e quanta violência!".

Quando vândalos aproveitam as legítimas expressões de democracia, que são as manifestações de rua, para destruir e roubar coisas, eles acabam dando razão, ainda que sem querer, aqueles que querem continuar como os exclusivos "representantes" (donos) da vontade popular e a todos que tiram vantagem de nossa sociedade injusta e poder público que funciona mal.

Dentre os políticos que não prestam (porque existem sim políticos que prestam e muito, porque essa é uma profissão e toda profissão têm bons e maus profissionais) muitos representam, mais do que o povo, a corrupção.

Assim, ainda que sem saber, os vândalos estão dando razão aos corruptos!!! Com seus gestos, ainda que em suas palavras queiram justificar seus erros apontando os dos outros. Estão ambos os lados errados, pois um erro não justifica o outro.

Mas não se impressionem tanto quando a mídia falar em dezenas, centenas ou até MILHÕES de prejuízo, são todos esses valores bem, BEM menores do que os desperdiçados com corrupção e com a incompetência na gestão pública, que, sem erro, somam  BILHÕES e BILHÕES de reais.

Os vândalos são 'pequenos corruptos' que causam "pequenos danos" (dano é dano) comparados com os corruptos e corruptores (não vamos esquecer dos corruptores pessoal!) que são os verdadeiros e 'grandes vândalos'.

Ou seja, os abusos dos vândalos (que devem ser coibidos e terem seus danos ressarcidos aos inocentes) são apenas um capítulo pequeno na história de nossa jovem democracia e no projeto de se construir um novo Brasil, nessa história, quem tem um lugar especial são todos os que não se omitem, seja nos grandes atos das manifestações, seja nas pequenas coisas do dia a dia.

Batman rises, Snowden falls, and the Eagle wants his liver (english version)

Literary tribute to Edward Snowden, son of Prometheus.

(Translation by Thelma Belo Anacleto dos Santos)

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Follow him, with the anger in your bones.

You’re not living, you’re Just waiting for things to get bad again.


A lot  of guys go to tunnels when they’re overage


Considering your body has no scars, I wouldn’t recommend it.


The evil ressurect from the exactly place where we try to bury it. Secrets are no longer possible.


Aren’t you supposing too much?


Don’t you worry, it takes some time to get used to this new way.


She Just needed your knowledge. Why did you give her your life too?


Love? ...So that’s the feeling


The one who serves a person is the lord of another.


When I say this is Just another day, I’m preparing my regret.


Do you know what you’re doing? I know what it means. It means you’ll hate me and I’m gonna lose someone whose absence I can’t stand.

You’re wickedness in person.

No, I’m a necessary evil.


I’m sorry for what’s about to happen to you.

No, you are not.


Now you’re one of us, no longer allowed to believe in coincidences.


Suffering empower character.


Someone goes and take it all, someone comes and bring a kiss and betrayal in return


Peace has cost your strenghs. Victory has defeated you.


You chose darkness. I was Born in light


Yes, I’d like to know what would be destroyed first: your body or your spirit?


A man has to eat human flesh sometimes, but what an appetite you have!


Are you a torturer?
Yes, but not of your body...of your soul.

I’ve learned that real dispair lives rigth below hope. They’re a couple, with a lot  of age difference.


I just came to give back control to the people


But riches Will be forced out from their confortable nest.


Innocence can’t flourish in here, it must be eliminated.


A child born in hell, wrought in suffering, hardened by pain, whose beauty was stolen. An extraordinary child, no one born in privileges. Does she destroys or rebuilds the world?

The leap for freedom is not a matter of strengh; surviving comes from the spirit, from the soul.

You’re not afraid of death and believe it makes you strong; it makes you weak. The most powerful impulse in universe is the fear of death. The young who reached freedom without the rope and got off the inescapable dirty hole.


Ressurect, born in Sky, so you can save others. Reborn the livers as well, victimized by eagles or alcohol.


Like someone born in hell, in a prison with no bars, you’re in it because you want, deserve or didn’t really try to get out. You’re guilty, and getting over guilty is not a matter of strengh...

You don’t wear this mask to protect yourself, but the ones you love the most.
Protect them from what? From you.

Come with me, stay with me, save yourself, you don’t owe anything else to these people, you already gave them everything.


I hear the sound of battle, the sound of a new beggining, where’s the fear of death now?
Closer than you imagine...

A good news I give you in silence, and looking in your eyes.


Don’t do that to us, we’re innocent.

Innocent is such a overstated word to use around here.


It’s the slow knife, that waits ages without forgetting, and never forgotten, that silently slips through the bones; it’s the knife that has the deepest cut.

Feel the heat coming from the bonfire where now burn every soul you’ve desappointed.


I fulfill the orders from The Father, and finish the task He begun, and my Father Sees and Knows all.


It would be good to imagine that Good beats Evil, and that the good guy returns home for his girl, but maybe she won’t be there, maybe she has issues playing this role, or maybe the good guy doesn’t come back.


There’s a price for everything, no matter they’re right or wrong, sooner or later, me or you.


Helpful souls, prosperous and happy, that’s my legacy.

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Dica de leitura e trechos selecionados - 1: Macrowikinomics

Livro: 'Macrowikinomics', de Don Tapscott e Anthony D. Williams. A edição que li é de 2011 da Ed. Campus.

Indicado para quem: Tem interesse na sociedade e no governo. Quer que as coisas funcionem. Gosta de novidades. Acredita em colaboração e inovação etc. Particularmente indicado para quem trabalha no setor público (por mim, acho que o livro deveria ser obrigatório em todos os concursos públicos).

Abaixo a minha seleção pessoal dos trechos mais interessantes; e eventuais comentários entre parênteses.

Os trechos isolados, por mais importantes que sejam, não suprem uma leitura completa. O livro vale.

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Compartilhar recursos e atividades.
 


“”Você pega os seus recursos e processos essenciais e os guarda só para você”, indaga, “ou você os expõe a todas as empresas  de software do planeta e as atrai para colaborar, ajudando a desenvolver esses recursos?””

(Troque empresas de software por instituições representantes de interesses públicos, afinal, se empresas privadas podem cooperar para atingir o bem comum privado, com certeza o poder público deve cooperar para atingir o bens comum de todos).


“...uma cultura organizacional altamente legalista e avessa a riscos, não raro em detrimento de oportunidades de codesenvolver ferramentas tecnológicas de primeiro estágio, de padronizar dados, de compartilhar informações sobre doenças-alvo”

(Está se referindo à indústria farmacêutica! e não ao poder público brasileiro...)



“...Peer-to-Patent: Community Patent Review,... O programa permite que analistas de patentes do United States Patent anda Trademark Office (USPTO) recorram à expertise de especialistas externos, por meio de ferramentas de colaboração on-line, para aumentar a velocidade e a qualidade do processo decisório interno. … usando uma combinação de wikis, de tecnologias de reputação social, de filtragem colaborativa e de ferramentas de visualização de informações...”



“1. Crie uma cultura de abertura. … Também predomina nas organizações uma tendência infeliz de adotar visão introspectiva na busca de novas ideias e abordagens, ignorando, assim, um manancial muito mais fecundo na sociedade em geral, que poderia ser explorado para realizar os objetivos de política pública. … Quando a EPA dos Estados Unidos resolveu desenvolver um plano de ação para o sistema estuarino do Estreito de Puget... desenvolveu um wiki e lançou um Desafio de Informação, convidando a comunidade circundante a montar fontes de dados relevantes e a articular soluções.”



“1) Em vez de criar algo e guardá-lo a sete chaves, como a maioria das organizações, converta a inovação (seja em bens ou em serviços) numa plataforma em que outros possam auto-organizar-se e adicionar valor. Em outras palavras, não seja apenas criador, mas também curador... 2) … Para propiciar a colaboração, será necessário compartilhar parte de sua propriedade intelectual... 3) ...Para controlar:... afrouxe as rédeas, estimule as pessoas a organizarem-se para ajudá-lo a resolver os problemas e a imaginar novas ideias. … 5) Ampliar e aprofundar a cultura de colaboração... meritocracia dinâmica”

“...redefinimos o cerne de nosso negócio como um lugar onde uma comunidade pode conversar... Da mesma maneira, a adoção de plataformas abertas pelos governos pode ampliar as contribuições para as políticas públicas ou envolver com mais intensidade os cidadãos na colaboração com órgãos públicos para o projeto e prestação de melhores serviços. … a maneira mais eficaz de atuar como curador é criar condições para que os clientes e os stakeholders o ajudem a inventar um novo produto ou serviço a partir do nada.”



“Assim, para promover a wikinomics em sua organização, será preciso transferir, seletivamente, parte da propriedade intelectual e de outros recursos para o pool de bens comuns, criando condições, dessa maneira, para que grupos mais amplos de colaboradores interajam sem restrições com maiores quantidades de informações, em busca de novos projeto e oportunidades de colaboração”.



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Problemas grandes demais.



““As pessoas estão interessadas na questão da mudança climática”, afirma Karas “mas o problema é grande demais para que o compreendam em toda a sua extensão e se disponham a fazer alguma coisa” e “Algumas dessas informações (relativas ou com impacto sobre o clima) já são coletadas por cientistas e órgãos públicos há anos, mas a maioria está enterrada em covas profundas, nas bases de dados de universidades e governos”.

(Tal situação certamente tem aplicação geral aos direitos coletivos, à segurança pública, à saúde pública, educação etc.)


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2 bilhões de horas vagas por dia.

“...autor de The Wealth of Networks, estima que o manancial de um bilhão de pessoas que vivem em países ricos dispõem no total, de dois bilhões a seis bilhões de horas vagas por dia!... Para Linus Tovalds, o Linux é como uma concessionária de serviços públicos. Ele fornece a infraestrutura básica que constitui a base sobre a qual desenvolvedores de software constroem aplicativos e negócios”.

 (O Ministério Público, pela sua independência, conhecimento, experiência e imparcialidade pode desempenhar tal papel para a sociedade brasileira no que tange ao desenvolvimento de iniciativas sociais de promoção dos direitos coletivos.)


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Orquestrando e conectando organizações para um produto final comum.


“Diferentes produtos como o Iphone, da Apple, o Airbus A380 e um chip da intel, já combinam componentes e serviços de numerosas empresas – não raro centenas delas. Para as empresas responsáveis por compor essas amplas teias de criação de valor, a inovação tem menos a ver com a invenção e construção de bens físicos que com a orquestração e coordenação de boas ideias.”



“Temos um setor financeiro perfeitamente interconectado e uma comunidade regulatória muito menos interligada” diz Peter Gruetter, ex. Secretário-geral do Departamento Federal de Finanças da Suíça.
“Atualmente, a colaboração entre os vários reguladores envolve muitas reuniões físicas. O que precisamos é usar melhores tecnologias de comunicação  de rede para facilitar o processo de colaboração”.

(Aqui acrescentamos que o que vale para a comunidade regulatória e para os reguladores, vale para a comunidade de controle e seus integrantes tais como ministérios públicos e tribunais de contas.)

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A biblioteca digital universal.



“Da mesma maneira como os gregos alexandrinos se empenharam em reunir todos os livros, todas as histórias, todas as grandes obras literárias, todas as peças de teatro, todos os tratados matemáticos e científicos de sua época, armazenando-os em um único edifício, precisamos congregar todos os conhecimentos...” “...com mentalidades semelhantes (e às vezes, concorrentes) criam pools comuns de conhecimentos e processos setoriais sobre os quais desenvolvem inovações e setores sustentáveis.”

(Parafraseio: … todos os conhecimentos públicos que são necessários e úteis à tutela coletiva e social...)

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A universidade do futuro (breve).

“A maioria dos programas de pós-graduação das universidades americanas produz um produto para o qual não há mercado (candidatos a posições de magistério que não existem) e desenvolvem habilidades pelas quais a demanda é decrescente (pesquisa em subcampos de subcampos e publicação de trabalhos em periódicos que não são lidos por ninguém, a não ser por colegas, com mentalidade semelhante), tudo a um custo em crescimento acelerado...”



““Em lugar do velho modelo de publicação de livros-textos, ao mesmo tempo lento e dispendioso para os usuários, sugere-se que as universidades, os professores e outros participantes contribuam para uma plataforma aberta de recursos educacionais de classe mundial, a ser acessada pelos estudantes, onde quer que estejam, durante toda a vida”.

 

“Ou considere a abordagem adotada pela Wikiversity, projeto da Wikimedia Foundation. Em vez de oferecer um conjunto predeterminado de curso e materiais, os participantes da Wikiversity definem o que querem aprender e a comunidade da Wikiversity colabora no desenvolvimento de atividades e de projetos didáticos para acomodar esses objetivos”

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“Evidentemente não é possível chegar a um consenso completo, na medida em que muitas seiram as perspectivas, escolas e métodos didáticos. Porém, como na Wikipedia, os professores primeiro trabalhariam em âmbito global na criação de médulos básicos genéricos, não controversos, e, em seguida, se reuniriam em sub-redes de profissionais com mentalidades semelhante para desenvolver elementos complementares específicos.”


 
“Tudo isso pode ser desenvolvido por meio de técnicas e ferramentas testadas e comprovadas do movimento em favor do software de código aberto. Se milhares de pessoas foram capazes de desenvolver o mais sofisticado sistema operacional de computação do mundo, o Linux, o processo colaborativo decerto também terá condições de criar as ferramentas para um curso de psicologia”.

 

“A universidade da próxima geração criará um contexto em que estudantes de todo o mundo poderá participar de debates, fóruns e wikis on-line, para descobrir, aprender e produzir conhecimento como uma comunidade de aprendizes que se engaja diretamente no enfrentamento de alguns dos problemas mais prementes do mundo”...

“Com efeito, por que não permitir que empresas e governos também participem dessa rede global de aprendizado superior?”



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Crowdsourcing: A colaboração em massa para transformar um problema grande em pequenas tarefas realizáveis. O mito dos especialistas.

“Com efeito, a promessa de uma ciência cidadã é que, caso se consiga tornar uma tarefa pequena o bastante e simples o suficiente para que alguém a execute como atividade de lazer, é possível agregar muito talento e força de trabalho”  (A experiência do Galaxy Zoo é bem interessante)





“Acertar no processo de envolvimento dos cidadãos é apenas o começo. A colaboração em massa geralmente encontra resistência interna, por causa de algo que denominamos “o culto do especialista em políticas públicas”. Os formuladores de políticas e os altos administradores (e controladores também) tendem a julgar-se um grupo de elite, que desfruta de condições únicas para tomar decisões imparciais e objetivas de interesse público. Como especialistas, presumem que têm acesso às melhores informações – ou, pelo menos, a melhores informações que as de acesso público”



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Saúde pública, assimetria de informações e custo para equilibrar o sistema.

“Essas assimetrias de informação e de poder, diz Hodgkin, estão entre as principais razões por que os sistemas de assistência médica em todo o mundo têm sido lentos em mudar, apesar das evidências crescentes e da concordância quase unânime de que as abordagens convencionais estão falidas.

“O sistema está paralisado”, diz, “porque os custos de eliminar os desequilíbrios fundamentais de informação, de poder e de vulnerabilidade se revelaram altos demais, opondo resistência insuperável à mudança”

(Tal análise serve aos sistemas jurídicos, de auditoria e de controle do poder público).



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Ter princípios, moderar comentários e ter uma boa experiência de participação virtual.

“Os abusos verbais e as ofensas pessoais tão comuns nas páginas  de comentários da maioria dos jornais não são tolerados aqui. “Não nos retraímos na hora de atuar como moderadores”, diz Landman” (do The New York Times). 

“

”O desafio, de acordo com Landman, é criar um contexto em que a pessoa certa participe com contribuições de alta qualidade. “A Wikipédia fez o trabalho miraculoso de preservar padrões de maneira colaborativa”, afirma. “Para mim, a grande realização da Wikipédia não foi conseguir que tanta gente participe do processo. Na verdade, isso é relativamente fácil. Seu maior feito foi garantir a observância de um conjunto claro de padrões e conseguir que a comunidade aceitasse esses padrões.””

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Para um tsunami de suspeitas de corrupção, um batalhão de cidadãos voluntários e atentos.




“Veja  o que um jornal britânico, The Guardian, fez durante o recente escândalo das despesas dos políticos do país.

O arquirrival do The Guardian, o Telegraph, estava publicando, diariamente, na primeira página, revelações de cair o queixo, a respeito das autoridades eleitas, pedindo reembolso de despesas notoriamente injustificáveis. O Telegraph tinha uma equipe de repórteres que trabalhou durante um mês com documentos vazados.

Em resposta ao clamor público, o governo anunciou que liberaria, on-line, mais de um milhão de documentos e recibos escaneados, um tsunami digital que sobrepujaria os recursos de qualquer organização jornalística.



Ainda ressabiado por ter sido superado durante dias seguidos pelos furos do Telegraph, The Guardian pediu aos leitores que os ajudassem a peneirar a enxurrada de documentos e descobrissem malfeitoraisas ainda não reveladas.

Software de código aberto no site do jornal permitiu que os leitores vasculhassem os documentos, um a um, e classificassem os recibos em quatro categorias: “interessante”, “não interessante”, “interessante mas conhecido” e “investigue isso”. Mais de 20 mil leitores participaram da iniciativa analisando 170 mil documentos nas primeiras oito horas...”.



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80% das informações públicas podem e devem ser compartilhadas.

“Kundra (Chief Information Officer do governo federal dos EUA) estimula os órgãos federais a usar serviços gratuitos da Google e wikis de código aberto para tudo...”

“Entre outras inovações, ele criou um data warehouse (armazém de dados) abrangendo toda a cidade, que permite a todos os servidores públicos e aos stakeholders ver e analisar o que está acontecendo em toda a comunidade.

“Queria que as pessoas exigissem prestação de contas”, disse, “não importa se fossem estudantes ou especialistas. Divulgar dados é fundamental para analisar nossas operações e identificar onde podemos melhorar, onde já melhoramos e onde falhamos. Oitenta por cento das informações do governo podem ser compartilhadas e serão compartilhadas.”

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Governo 1.0

“Se hoje é difícil promover inovações excepcionais nos serviços públicos, é porque, em grande parte, os governos foram constituídos para a estabilidade, não para a mudança. Jessica McDonald, ex-chefe de serviços públicos de British Columbia, observa que a natureza cíclica da mudança política condiciona os serviços públicos a se concentrarem na capacidade de prestar serviços de maneira previsível.”



“A popularidade e a influência crescentes de redes como GovLoop são uma resposta direta a algumas das deficiências notórias do governo: políticas de RH rígidas, treinamento insuficiente, processo decisório esclerosado, estruturas gerenciais hierárquicas e falta de colaboração entre as diversas agências”

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Governo 2.0 - Uma plataforma de inovação social.



“...Governo 2.0... Em vez de criar mais departamentos e mais níveis administrativos, os governos devem desenvolver plataformas para realizações sociais”.

“Em outras palavras, o governo se converte em plataforma de inovação social, fornecendo recursos, estabelecendo normas e mediando disputas, mas permitindo que cidadãos, que entidades sem fins lucrativos e que o setor privado compartilhem o levantamento de pesos pesados (os próprios governos)”





“...não se pode apenas copiar e colar fenômenos da Web 2.0 na administração pública. É preciso introduzir regras básicas, trabalhar com intermediários de confiança, explorar comunidades esclarecidas e embutir processos referentes a questões de representação e de prestação de contas.”



“Tom Steinberg, membro da força-tarefa e fundador da mySociety.org, vê tudo isso como o começo de um mar de mudanças na maneira como os governos criam valor para os cidadãos. “Quando grupos bastante grandes forem capazes de coletar, reutilizar e distribuir informações do setor público, as pessoas se organizarão em torno dessas novas vias de acesso, criando novos empreendimentos e novas comunidades””





“2. Construa plataformas para participação.... os governos devem abrir seus dados ao escrutínio mais amplo pelas mesmas razões que induzem organizações como CorpWatch e WorldResources Institute a adotar essa abordagem: municiar as partes interessadas com informações, para que possam responsabilizar as empresas e os reguladores por melhores resultados.”

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Economizando quase 40 milhões de dólares com a colaboração da base. Centralização e a suspeita do centro sobre a 'periferia'.

“Walker e Johnson... Eles construíram o Virtual Alabama por apenas U$$150 mil, em cima do Google Earth, em comparação com a estimativa de U$$40 milhões, se o governo tivesse tentado desenvolver sua própria plataforma a partir do zero. E, em vez de tentar controlar tudo, Walker e Johnson outorgaram poderes aos empregados da linha de frente para que também usassem e contribuíssem com dados, achatando, no processo, a hierarquia tradicional, em forma de pirâmide. “As pessoas nos governos estaduais e federal tendem a subestimar a engenhosidade, o patriotismo e o 'anseio por fazer certo as coisas' dos trabalhadores dos governos locais e dos primeiros socorristas”, diz Walker...”

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Atender à sociedade não é praticar atividades, é entregar resultados sociais.



“Flumian argumenta que a verdadeira centralidade no cidadão exige que se redefina o significado da própria prestação de serviços (por exemplo, expedir um cheque de benefícios) e que se desloque o foco dos processos (por exemplo, as regras referentes à distribuição dos benefícios públicos) para os resultados (por exemplo, reduzir a pobreza).”

(Substitua 'cheque de benefícios' por ação judicial, por exemplo)

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Vigiar os poluidores do meio ambiente, do seu sofá.

“No MapEcos.org, é possível investigar até 20 mil instalações industriais americanas e plotar os dados sobre suas emissões no Google Maps, com marcadores de cores que facilitam a identificação dos piores agressores. Clique em determinada localidade e o site lhe mostrará o nome do lugar, quais são as suas emissões e como ele se compara com outras empresas no município, no estado e no país. É possível pesquisar o site por poluente, setor e nível de riscos. Ou digitar um código de endereçamento postal e puxar uma lista de poluidores da área”.



“A CorpWatch.org, entidade sem fins lucrativos, com sede em San Francisco, foi ainda mais longe. Seu aparato sofisticado de ferramentas de pesquisa possibilita que investigadores de empresas, na condição de amadores, operem no conforto de suas casas. A Crocodyl.org – wiki que acompanha malfeitorias de empresas, cobre 15 temas, em 35 indústrias, e dispõe de perfis detalhados de centenas de  empresas.

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Transparência pública, liberdade de expressão e avaliação, e diálogos públicos.



“No livro The right to know, por exemplo, Ann Florini, acadêmica da Brookings Institucion, argumenta que cidadãos de todas as partes do mundo se mostram relutantes em apoiar processos decisórios secretos.”





“3. Fomente o diálogo e a melhoria contínua. ...as experiências contribuem para a formação de expectativas realistas. …. A Cocoa Initiative... As conversas resultaram em parceria regulatória única entre ONGs, sindicatos trabalhistas, processadores de cacau e grandes marcas de chocolate. O produto final está sendo o desenvolvimento de um processo de certificação transparente para os fornecedores de cacau que não recorrem a trabalho escravo.”



“James Madison, escrevendo há mais de 200 anos, insistia:” O direito de livre avaliação das autoridades e das iniciativas públicas, de livre comunicação entre as pessoas (…) sempre foi considerado com justiça o único guardião eficaz de todos os outros direitos.””

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Equilíbrio de direitos e deveres para todos os agentes.



“4. Proteja o interesse público. … equilibrar os inputs e proteger o interesse público mais amplo..., por vezes é difícil discernir entre ideias conflitantes de bem público. … O exemplo da GAP demonstra que as ONGs e as coalizações de cidadãos que reivindicam o monitoramento das empresas também devem assumir responsabilidade e prestar contas. … ONGs antolhadas em geral se concentram obsessivamente nas próprias agendas e nem sempre estão interessadas em equilibrar diferentes visões de interesse público nem em reconhecer o papel central exercido pelo setor privado na criação de riqueza e no fomento à inovação nas sociedades modernas”



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Colaboração é melhor que punição.

“As ameaças tendem a levar indivíduos e organizações a redefinir seus interesses no sentido oposto ao das ameaças. A coerção pode garantir a observância no curto prazo, mas em geral, às expensas de solapar o comprometimento a longo prazo”



“É como dizem os acadêmicos John Braithwaite e Peter Drahos, especialistas em regulação de empresas: “Não é possível falar em garantia de observância enquanto não houver regras; nem em regras, enquanto o consenso geral não gerar normas, nem em normas, enquanto não houver interesse””

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A cultura da colaboração.



“O desafio mais árduo para qualquer pessoa que queira transformar sua instituição, compatibilizando com a era das redes, é aprofundar e ampliar dentro delas a cultura de colaboração. Para realizar esse trabalho, você, como organização e como indivíduo, deve cultivar a disposição para a colaboração. Isso significa assumir atitudes genuínas de abertura e flexibilidade em relação a novas ideias, qualquer que seja sua  origem, em vez de fazer o possível para solapá-las. Significa combater conscientemente o instinto de defender feudos e de manter o controle – criando uma meritocracia dinâmica em que as ideias e as informações tenham condições de fluir livremente por toda a organização.”



“Deixe que se exapandam lentamente, passo a passo. Trate a colaboração como trabalho real, não como distração ou dispersão. E compreenda que a liderança no grupo pode ser a própria recompensa.”

“Outra hipótese é recorrer à mentorização reversa, desenvolvendo programas em que os mais jovens ensinem os mais velhos a usar as novas ferramentas que facilitam a colaboração eficaz. Os incentivos certos também podem ser importantes. Estímulos ao desempenho grupal em vez de ao desempenho individual, por exemplo, podem motivar as pessoas a trabalhar juntas, de maneira mais produtiva.”



“...Quem quiser fomentar a criatividade e a excelência deve adotar algumas fronteiras, afirma. “As equipes precisam de um mínimo de privacidade em relação a outras para desenvolver abordagens únicas em qualquer tipo de competição.”

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A experiência da IBM

“...Lembrem-se, há todo um espectro entre fechado e aberto. “O modelo interessante”, diz Dan McGrath, da IBM, “é o que se situa no ponto intermediário, aquele em que construímos colaborativamente algo que será propriedade privada de nosso consórcio ou cujas fatias de propriedade sejam distribuídas proporcionalmente à contribuição de cada um”. Poderíamos imaginar uma  “cooperativa da era digital”, com sistemas de avaliação por pares, que distribua dinamicamente as quotas entre os colaboradores, com base na avaliação comunitária do valor agregado por cada um”.



“O paradoxo da nossa era é o seguinte: para ser forte, para manter o controle, para garantir a própria segurança, como organização ou sociedade, é preciso afrouxar as rédeas”.

“...

”É fácil formar uma comunidade em torno de si mesmo”, prosseguiu. “muito mais difícil e muito mais valioso é participar de uma comunidade que você não controla – demoramos um pouco para aprender essa realidade.””

“A IBM levou cerca de cinco anos para compreender que a participação em comunidades colaborativas significa ceder algum controle, dividir a responsabilidade , abraçar a transparência, gerenciar conflitos e aceitar que projetos bem-sucedidos não se desenvolvem e se executam de uma hora para a outra”



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A experiência do Linux.

“Todas as comunidades de fonte aberta bem-sucedidas, por exemplo, mobilizam processos estruturados, sob direção hierárquica, para gerenciar o trabalho tedioso e cansativo de reunir todas as partes e contribuições fragmentadas, o que permite a essas comunidades explorar o pool de talentos incrivelmente diversificado, ao mesmo tempo em que promove a integração coesa, indispensável para fazer algo tão sofisticado quanto um sistema operacional.”



“A direção compete à Vanguarda. Embora o Linux dependa da contribuição de milhares de programadores, um núcleo duro liderado por Linus Torvalds Formula julgamentos rigorosos sobre que contribuições de código entram no cerne do sistema operacional. “Eu sem dúvida defendo o direito de qualquer pessoa de modificar e de divulgar sua própria versão do Linux”, diz Torvalds, “mas, ao mesmo tempo, todos os meus esforços se concentram na efetiva junção dos resultados, e isso é o que boa parte do que você denomina 'desenvolvedores centrais' acaba fazendo: controle da orientação e da qualidade em vários níveis”



“...Na comunidade Linux, Torvalds tem o cuidado de responder de maneira construtiva às criticas de outros desenvolvedores.”...

“...é crucial que a Vanguarda oriente a cultura da comunidade desde o começo.”...

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Outras experiências.



“...Quando a P&G (Proctor and Gamble) lança um desafio na rede InnoCentive, todos podem conseguir recompensas financeiras. O pessoal da P&G ajuda a definir o problema.

“

"...De maneira semelhante, a IDEO, com sede nos Estados Unidos, está formando parceria com o Acumen Fund e com a Gates Foundation, para reformular o abastecimento de água e o saneamento básico na Índia e na África. Denominado processo de projeto “centrado em humanos”, a ideia consiste em envolver o público no trabalho de conceber soluções.”

domingo, 21 de julho de 2013

Roteiro para lidar com críticas a suas ideias e atividades.

Faça-se duas perguntas e siga o roteiro...

1. A crítica apresentou uma forma melhor de entender ou fazer do que a sua?

Sim => Adote a crítica e agradeça por "não estar sozinho no barco" dos que se importam.
Não => Vá à pergunta 2.

2. A crítica contribui ou você pode vê-la de alguma forma a melhorar suas ideias ou atividades?

Sim => Adote e agradeça educamente.
Não => Lembre-se que todo mundo tem direito a ter opinião pessoal, reconheça que a sua opinião e a dele são diferentes e deixe claro que você está sempre disponível a receber uma crítica que mostre como fazer melhor ou que ajude a melhorar sua compreensão atual.

sábado, 20 de julho de 2013

Antony e os filhos de John - Fistful of love


Antony e os filhos de John - River of sorrow


Manifestações. Análise 3: Esquadrão Geriátrico de Extermínio

Tá indignado com a corrupção? 
Leia o texto de Hilda Hist. Um clássico, porque escrito em 1993, já previu a revolta popular e continua atual. 
Inova porque dá especial destaque ao papel dos velhinhos, já que a participação do jovens tem sido bastante analisada. http://www.angelfire.com/ri/casadosol/ege.html
Que falta faz Hilda Hist...

Filosofando

A substância é a forma final.
A forma é a primeira substância.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Batman sobe, Snowden cai e a Águia quer o seu fígado..

Tributo literário a Edward Snowden, filho contemporâneo de Prometeu.

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Siga-o, com a raiva em seus ossos.

Você não está vivendo, apenas está esperando as coisas ficarem ruins de novo.

Muito garotos vão para os túneis quando passam da idade.

Considerando que teu corpo não tem cicatrizes, eu não recomendo.

O mal ressurge do lugar onde tentamos enterrá-lo. Segredos não são mais possíveis.

Você não está presumindo muita coisa?

Não se preocupe, leva um pouco de tempo para se pegar o novo ritmo.

Ela precisava apenas de teu conhecimento. Por que entregaste também a vida?

Amor!? ... Ah, então essa é a sensação...

O que serve a uma pessoa é senhor da outra.

Quando digo que este dia é apenas mais um dia, estou preparando o meu arrependimento.

Você sabe o que está fazendo? Eu sei o que isso significa. Significa que você vai me odiar e que eu vou perder alguém cuja falta não posso suportar.

- Você é a maldade em pessoa.
- Não, eu sou um mal necessário.

- Eu sinto pelo que vai lhe acontecer.
- Não, você não sente.

Agora você é um dos nossos, não tem mais permissão para acreditar em coincidências.

O sofrimento fortalece o caráter.

Alguém vai e leva tudo, outro alguém vem e traz em troca um beijo e a traição.

A paz custou as suas forças. A VITÓRIA DERROTOU VOCÊ.

Você adotou a escuridão. Eu nasci na luz.

Sim, eu queria saber o que iria ser destruído antes. Seu corpo ou seu espírito?

Um homem precisa comer carne humana às vezes, Mas que apetite você tem!

Vc é um torturador? Sim, mas não do teu corpo. Da tua alma.

Eu aprendi que o desespero mais real mora no logo abaixo da esperança. Eles são um casal, com muita diferença de idade.

- Eu vim apenas para devolver o controle ao povo.

- Mas os ricos serão arrancados de seus ninhos aconchegantes.

A inocência não pode florescer aqui, ela tem de ser erradicada.

Uma criança nascida no inferno, forjada no sofrimento, endurecida pela dor, cuja beleza fora violada. uma criança extraordinária, não uma de privilégios. Ela destrói o mundo ou o reconstrói?

O salto para a liberdade não é uma questão de força. A sobrevivência é do espírito, da alma.

Você não teme a morte e acha que isso o deixa forte, isso o deixa fraco. A força mais poderosa do universo é o medo da morte. O jovem que alcançou a liberdade sem a corda e saiu do poço de onde jamais ninguém conseguiu escapar.

Ressurja, nascido no céu, para que possa salvar aos demais. Renasçam também os fígados, vitimizados por águias ou pelo álcool.

Como um nascido no inferno numa prisão sem grades, você está nela porque quer, merece ou não se esforçou o suficiente. Você é o culpado e vencer essa culpa não é uma questão de força.

A máscara não é para te proteger, e sim às pessoas que você mais ama. De que? De você mesmo.

Venha comigo, fica comigo, se salve, você não deve mais nada a essas pessoas, você deu tudo a elas.

Ouço o som do confronto, o som do recomeço, onde está o medo da morte agora? Mais próximo do que se possa imaginar.

Uma boa notícia eu te respondo em silêncio e olhando em teus olhos.

- Não faça isso conosco, somos inocentes.

- Inocente é uma palavra forte para se usar aqui.

É a faca lenta, que espera anos sem esquecer, nunca esquecida, que foge silenciosamente por dentre os ossos, é a faca que corta mais fundo.

Sinta o calor da fogueira em que queimam todas as almas que você decepcionou.

Cumpro as ordens do Pai, e concluo a obra que Ele começou, e meu pai tudo vê e tudo sabe.

Seria bom imaginar que o Bem vence e que o mocinho volta para casa para encontrar a mocinha, mas pode ser que ela não esteja lá quando ele voltar, pode ser que ela tenha problemas em ser mocinha, ou pode ser que o mocinho não volte.

Há um preço a ser pago pelas coisas, certas ou erradas, cedo ou tarde, eu ou você.

Almas úteis, prósperas e felizes é o meu legado.


segunda-feira, 15 de julho de 2013

O primeiro Wi-Fi da Humanidade.

Upload.
Download.

Meu computador pessoal carrega-se no mundo.
E depois se descarrega a fundo.

Sem upload download não é possível fazer.
Sem download a Terra vive muito bem.

Inspira.
Expira.
Inspira como se a tua vida dependesse desse upload.
Expira porque é da graça esse download.

Internet discada? Culpa do nariz congestionado.
Ainda bem que todo mundo nasceu com banda larga. Respira com a boca.

A respiração é o primeiro Wi-Fi humano.

Superado o cordão umbilical,
Vaga memória da fibra ótica,
Só esse estranho UmSBigo,

Em um outro mundo talvez, séculos a frente,
Como um Avatar azul de crina negra,
Eu pudesse me conectar à Mãe Natureza,
Como séculos atrás constumávamos fazer.

Realista ou pessimista?

No meio da dor de Jacira corria um rio,
De águas lentas, frias e escuras.

- Pedro, fico surpresa que você tenha vindo.
- É bom ver os ares renovados. Agora há liberdade...
- Não desrespeite a memória de seu finado avô. É só o que me resta.
- Vejo que as paredes desta casa têm contas a acertar contigo. Boa sorte ;)

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Preso nos dentes do riso Beti, o que ainda não nasceu se manifesta,
A pureza, a inocência, a intensidade e a ignorância do que a espera.

- Te desafio, liberte-me e me possua ao mesmo tempo.
- Não sabes o que dizes. Buscas no lugar errado o que não te cabe.
- Sei que não podes dar o que não possuis. Mas também não possuo o que dou.
- Seca a fonte, não haverá sede ou saciedade, só terás lembranças.

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Escolhe:
Palavras pobres em um coração de ouro,
Ou palavras de ouro e o hálito da morte?

- Não posso te ajudar agora, estou ocupado.
- Você não se preocupa comigo, só eu que te amo e cuido de ti,
- Ponho o pão em casa, te dei um filho e te faço mulher. Não tens do que reclamar.
- Eu oro pela tua alma e pela purificação de teu corpo. Que a luz divina te fulmine no coração.

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Paulo só viveu. Um relógio de ferro. E casa. E trabalho,
Não teve um só dia que deixou de ouvir um 'boa noite' antes de dormir,
Otávio viveu só. Sim, teve paixões desenfreadas que o levaram a ruína,
Ao fim, duvidava de sua coragem como alguém duvida de sua inconsciência.

- Meu amigo... tive de dormir fora de casa. Mariana pôs fogo em minha cama e lençóis.
- Se tu tivesses uma Amália como eu, Otávio, o fogo seria apenas para esquentar tua sopa à noite.
- Há quantos meses ela não te dá? Já te acostumaste?
- Hummm... Acho que está sendo mais fácil para mim do que foi para ti, quando ela me escolheu.

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Miguel? Foi forjado. Tal qual espada, entre o calor do amor e o gélido ódio,
Mas quanto mais afiada ficava essa espada, mais o couro a continha,
Maria, improvável adolescente, retirou-a da bainha. Cintilou no ar seu aço puro,
Que foi imediatamente destruído por um feitiço lunar: 'Toma Lá Teu Destino, Dá Cá Teu Coração'.

- Há tanto tempo me esperas, e logo agora eu te falto?
- Não esperava muito de ti, dessa tua pureza que não lutou batalhas.
- Mas eu esperava a tua mão, para que ela nos conduzisse à floresta encantada.
- Besteira. Não há mais floresta, não há mais encanto, não há mais espera.

domingo, 14 de julho de 2013

Manifestações. Análise 2. O povo continua sendo subestimado.

Derrota da PEC 37: O povo continua sendo subestimado.

As atuais manifestações e protestos surpreenderam a muitos, nas redes sociais e nas ruas. Surge naturalmente uma vontade de tentar explicá-las e já temos várias análises. Esta, visa debater com a análise feita pelo texto “Derrota da PEC 37: a apropriação corporativa das manifestações de rua no Brasil”. A ideia geral é apresentada de plano: “O movimento das ruas se deixou apropriar por um dos lados do conflito corporativo. Deixou-se de cobrar o que realmente importa na investigação criminal: segurança jurídica, respeito aos direitos do investigado e o fim da violência policial e de disputas corporativistas”. Para a melhor compreensão deste texto, vale a leitura daquele primeiro, que você pode encontrar aqui http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/derrota-da-pec-37-a-apropriacao-corporativa-das-manifestacoes-de-rua-no-brasil/

Interlúdio: Se você quiser ler um bom texto de verdade sobre as motivações dos protestos, leia http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/119566-quotanota-ai-eu-sou-ninguemquot.shtml.

A pergunta é: A sociedade foi enganada ou manipulada em sua livre vontade de protestar ao pedir a rejeição da PEC 37?

Umas das coisas que as análises têm abordado é que falta orientação e direção claros nos protestos. Isso levou comentaristas a dizer que a multidão não tinha foco. Ao que foram respondidos que o que existem são muitos e muitos focos e não ausência de objetivos.

Bom, o argumento do texto é de que essa falta de foco, a impulsividade e os erros das informações nas redes sociais induziram as manifestações a erro. Tendo levado a população a tomar partido numa disputa entre as corporações do Ministério Público e da Polícia e levando-a a esquecer-se de cobrar outras medidas mais efetivas de melhoria da segurança pública.

Qualquer profissional ou pessoa que resolver estudar problemas públicos com atenção e persistência, encontrará milhares deles e centenas de propostas de solução, que em princípio podem funcionar. Sem dúvida, existiam e existem muitas outras coisas importantes que deveriam causar protestos. Por que a sociedade escolheu uma duzia destas em prejuízo do restante? Essas foram as escolhas certas? Essa é uma reflexão importante, mas é prematuro afirmar que a percepção ou modo de escolha estão errados.

O que quero abordar é principalmente a análise feita sobre o Ministério Público e também tratar um pouco de sua relação com a Polícia. Ao fazê-la, não tenho como me afastar muito da minha experiência de fazer parte do Ministério Público Federal há quase 10 anos. Mas também não a posso tomar como a realidade de todo o Ministério Público Federal ou dos demais Ministérios Públicos. A vida é muito maior que nossas pequenas experiências e visões pessoais e conclusões genéricas acabam sempre sujeitas a revisões.

O texto que estamos analisando tem vários diagnósticos interessantes. Mas quero analisar alguns dos quais eu discordei mais.

O primeiro trecho é “...Mas promove por vezes seleção do caso persecutório, dando preferência ao que lhe ofereça maior exposição midiática e ao que traduza maior risco para atores da política e da economia...”.

Isso é algo que eu tenho ouvido eventualmente por ali ou por aqui, mas não corresponde a minha experiência como promotor de justiça no âmbito federal. A expressão “por vezes” é muito vaga para se ter uma noção firme. Quantas vezes, em quais casos e quantos casos esses representam do total de investigações? Esse é um número que um comentarista externo teria dificuldade de obter, mas comentários de um Corregedor-geral do Ministério Público sempre podem vir acompanhados de estudos, números e documentos técnicos que se sobreponham em qualidade a informações como as que teriam em tese induzido a erro a sociedade em seus protestos.

Agora, quem escolhe o que e o como é publicado na mídia? O Promotor de Justiça, mais ou menos como outros funcionários públicos que prestem informações a mídia, apresenta sua versão, mas é a mídia que decide se publica ou não, o que e como, e não o contrário. Muitos casos relevantes que não traduzem risco aos políticos por não serem atuações repressivas, não recebem a mesma atenção e isso pode alterar a percepção de um leigo e fazê-lo acreditar que aquela é a conduta cotidiana do Ministério Público.

Outro trecho relevante para a crítica: … “O fenômeno do concurseirismo: os novos procuradores e promotores são, em geral, jovens com excelente formação jurídica, mas que são muito exigentes quanto ao que esperam da carreira e reagem com acentuada agressividade quando são frustrados em suas demandas. Estas dizem respeito à remuneração, às vantagens, ao prestígio e ao poder que dele decorre.”

Neste trecho aflora um importante conflito intergeracionais. Não são apenas nos concursos para promotores que passam muitos “jovens”. Milhares de cargos em comissão de livre nomeação, em Brasília e muitos outros lugares, são ocupados por pessoas igualmente ou até mais jovens. Também foram principalmente os jovens, de corpo ou de alma, que saíram as ruas para protestar. É natural que os jovens sejam exigentes e até agressivos quando frustrados, embora essa reação tenha mais haver com maturidade e não com idade. Mas jovens participativos, opiniativos, exigentes vão formar “adultos” melhores. É o que todos esperamos.

Outro trecho importante: “A disputa pelo poder investigatório, presente na campanha da PEC 37, em última análise é parte dessa competição e não traduz nenhuma preocupação com a eficiência do Estado. Investigar ou não investigar é poder ou não poder expor a governança e a sociedade a riscos e, portanto, é cacifar-se ou não se cacifar para demandas corporativas.” (grifei)

Embora a disputa pelo poder de investigação, para que seja apenas das polícias ou também do ministério público seja sim uma questão corporativa, ela é maior do que isso. Ela tem haver com mais possibilidade de investigação dos inúmeros crimes e da corrupção que prejudica o país. Mas a investigação é o poder de proteger e não de expor a sociedade e a governança desta mesma sociedade a riscos. A investigação descobrirá os fatos e os responsáveis pelas condutas antisociais e criminosas que prejudiquem a sociedade. De fato, os recursos aplicados, a colaboração e os resultados das investigações devem ser constantemente melhorados e disso não tratou a PEC 37, que apenas impedia o Ministério Público de investigar. Essa é uma das bandeiras muito relevantes. Assim, como a da “...organização do sistema de ganhos na administração pública para lhe conferir maior eficiência.” também levantada pelo autor do texto.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Manifestações. Análise 1: Os alvos.

"...
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial 
Que está contribuindo com sua parte 
Para nosso belo quadro social
..." 
(Raul Seixas, Ouro de Tolo)


Li a indignação de um amigo meu, afiliado de longa data do PT, com a repulsa que os movimentos sociais fizeram a manifestações e demonstrações petistas no seio da manifestação geral. Eu particularmente não tenho nada contra ou a favor do PT ou outro partido, acho que são as pessoas  e os propósitos que fazem as coisas acontecerem e não as bandeiras.

Ele dizia que as rejeições às manifestações partidárias na manifestação geral eram injustas, por vários fundamentos, inclusive porque o direito de se manifestar já vinha sendo defendido e as manifestações já vinham sendo feitas por muitos anos antes por diversos movimentos identificados, inclusive partidários. Li inclusive que essa exclusão do diferente era uma postura fascista.

Em relação ao seu ponto central, que era a exclusão do PT das passeatas, partido claramente vinculado a história de lutas e reinvidicações sociais do país, poderia dar uma resposta mais direta. As manifestações eram bastante focadas contra os poderes constituídos, identificados como responsáveis pelas nossas atuais mazelas, e dentre eles se destacam a Presidência da República e a Prefeitura de São Paulo, esta inclusive a autora do aumento de passagens que deu origem ao movimento. Além disso, na experiência de quem esteve lá, não era mesmo um movimentado partidário, de nenhum partido e contra nenhum partido em especial.

Mas isso é o de menos. E aí voltamos a Raul Seixas com o trecho de sua música que está no início do texto, e que é o ponto central: Você que é um doutor, um padre, um policial, um político, funcionário público, professor, um militante de causas sociais em partido ou ong, um juiz, um promotor, um jornalista, advogado público ou privado, médico, empresário etc. enfim, todos os que de alguma forma tem um maior poder público e social e portanto a respectiva responsabilidade, você acredita realmente que está contribuindo para a sociedade?

Uma imensa parte acredita, com maior ou menor convicção, que sim. Fizeram o melhor que podiam, embora muito mais pudesse ter sido feito.

A questão é: Você, autoridade constituída ou moral, estatal ou privada, que acredita que contribui para a sociedade, que acredita que a representa e que bem zela de seus interesses, você acredita que o restante do mundo, fora de seus muros corporativos, ideológicos, regionais, geracionais etc pode nao acreditar no mesmo que você? 

Em qualquer função socialmente relevante, podemos ter alguém que tenha a perspectiva pessoal de viver uma vida na qual, por meio do exercício de sua profissão, contribui para a sociedade. Mas E SE A SOCIEDADE DISCORDAR DE VOCÊ? 

No caso, tentaram desqualificá-la, dizendo que as manifestações não têm fundamento. Mas não é verdade. Serviços públicos ruins, com alto preço, violência e surdez estatais, corrupção e ineficiência, iniciativas para reduzir a investigação criminal e outras tantas no sentido contrário ao de nossas necessidades, gastos bilionários com uma Copa que foram decididos por uns poucos, gerando ganhos bilionários para uns poucos, em prejuízo de muitas outras necessidades existentes como saúde e educação. E por aí vai.

Você poderia tentar dizer: "mas não sou eu que decido isso, eu só faço a função x, y ou z, eu não tenho essa responsabilidade. Isso quem tem que fazer é o fulano"! Aí você vai no fulano e ele diz a mesma coisa... Mas E SE A SOCIEDADE DISCORDAR DE VOCÊ?

Claro que tem gente autoritária que acha que porque o Estado tem o poder, a polícia e o exército, ele poderia descer a borracha em todo mundo. Foi o que foi feito na ditadura. Mas são outros tempos, ainda bem, e nesse Estado Democrático de Direito, abusos desse tipo não serão mais tolerados.

Enfim, caso você sinta que a sociedade está discordando de você, pare e pense, quem está errado? a minha opinião é: adote a transparência máxima em suas atividades públicas, busque resultados sociais concretos e não seja apenas autoreferente em suas autoavaliações, busque e aceite diálogo com todos, e colaboração, respeite a diversidade, não fique apenas resolvendo urgências do hoje, mas faça ações sustentáveis e zele sempre pelo equiíbrio de todos esses fatores, abstendo-se de tomar partido de apenas uma causa, ignorando os defeitos dos amigos que a compartilham e fazendo inimigos todos os que não concordam contigo.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Contra a PEC da Impunidade: Deixem o Ministério Público investigar!

Um País como o Brasil, que sofre tão gravemente com a corrupção e outros crimes e que tem uma atuação policial tão pouco eficiente não merece uma iniciativa do governo e dos políticos para impedir o Ministério Público de investigar crimes. Se você concorda, compartilhe essa ideia.

domingo, 26 de maio de 2013

- Você olhou? - Eu olhei.

1o Ato: Alvorada.

Olhei sem pretensão,
Olhei com curiosidade,
Olhei com cobiça,
Olhei com paixão,
Olhei com receio,
Olhei com surpresa: por que natimorto?

2o Ato: Penumbra.

Olhei para longe,
Olhei novamente,
Olhei com desejo,
Olhei com distância,
Olhei com dúvida,
Olhei crédulo da ressurreição.

3o Ato: Aurora.

Olhei os desacertos,
Olhei o acolhimento,
Olhei o lar, e,
Olhei em paz,
Olhei o futuro,
Olhei sem ver.

4o Ato: Crepúsculo.

Olhei com tristeza,
Olhei a procura de explicações,
Olhei por culpados,
Olhei com saudade,
Olhei com gratidão,
Depois não olhei mais.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

terça-feira, 23 de abril de 2013

Textículos no túnel do tempo.

Primeira interjeição da história da humanidade?

- Ih, lascou-se (da época da pedra lascada).

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Desvendado o mistérios dos adivinhos que usavam bolas de cristal:

Eram pessoas vindas do futuro que usavam um tablet redondo e consultavam o google...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O ciclo.

Pauline é jovem.
Em seus ouvidos, promessas.
Em sua mente, poder.
Em seus olhos, sonhos.
Seu corpo é belo e forte.
E seus pensamentos são ágeis.

Mas Pauline também é Pedro. É Pauline-Pedro.
Eles moram e dançam juntos todo dia.

Há todavia um conflito.

Pedro quer viver acima. Ele é firme, claro em seus propósitos, usa a razão e almeja a transcendência.

Pauline quer viver abaixo. Ela emociona-se, flui, é obscura e lhe apetecem as necessidades. Acredita que daqui a 20 anos estará só, fazendo seus próprios movimentos. A sua outra metade terá sumido.

- Dancemos por amor e misturemos tudo, Pedro. Amor e dor, beleza, sofrimento e solidão.
- Dancemos até que o amor acabe. Acho que vou contar até 5.

5
4
3
2
1

Pedro-Pauline imergem.
.................................................................................................................................

Era uma vez, num reino muito, muito distante...

Quando Pedro ainda não era Pedro-Pauline e não era nem mesmo Pedro, apenas fluía no mar.

Veio então esta forma que chamamos de corpo e o diferenciou.

E passou a existir Pedro, que corria como o cão e usava uma coleira que era só sua. Não se perguntava por que a usava, nem se podia parti-la. Cria que seu destino o esperava, mas rodeava resoluto sem ir aos confins onde ficava aquilo sei lá o que que desejava.

O tempo passou e o discurso do  "nunca irei lá" passou a ser intercalado com o ato mais belo de ficar amarrado a beira de uma corda, com o corpo alongado como uma espada que todavia não desfere no mundo o golpe fatal de que é capaz. Ocupava um ângulo ruim de visão e não via quem havia partido e agora passeava lá fora com flores. Até a noite em que teve um sonho.

Tentavam enterrar viva sua irmã, mas ela continuava a dançar e não parava nem quando lhe entrava terra pela boca. Ela dançava por amor, e deixava um rastro, fazia um eco, pintava um retrato único e o assinava E dizia: Dance voce também!

No dia seguinte, Pauline aconteceu a Pedro.

Mas muito antes disso, num outro reino distante, Pauline não era ainda Pauline...

Havia recebido um belo corpo e com ele flutuava em águas profundas e turvas, e para amar, tentava fazer curvas. Todo dia ela fazia tudo igual, e variava entre a inconsciência e um tédio mortal. Não havia beleza, e para piorar, ela tinha finalmente cansado dos mimos  - jóias, roupas, viagens - que caíam a seus pés.

À noite, quando fechava os olhos, sonhava o doce canto de Sua confortável vida e renegava essa amante espúria, gasta e inconstante que é a Vida.

Numa segunda-feira, passeando por um sinuoso e pouco frequentado caminho do parque, Pauline tropeçou em Pedro. E não levantou mais.

...............................

Emerge Pedro.
Emerge Pauline.

Projetam-se no ar.
Artérias límpidas de uma natureza forte.
O ar pouco lhes resiste.
Assim, pois, avançam.

Mas logo à frente uma rocha fria e insuperável os espera.
Que importa, se agora todos são, cantam, dançam e estão livres?
Será uma linda explosão.
E Pauline espalhará seus corpúsculos aquáticos por sobre todos a quem tocou.

Pedro também fará do mesmo modo.
E muito outros, milhares e milhões.
Milhares de almas se esfacelando em seu gozo final, a cada expiração.
Guiadas pelas mesmas forças que as criaram.
Fazem radiante e sublime espetáculo.

Inspira, e a água aglutina-se, escorre e retorna à fonte.
Expira, e a água desintegra-se, borrifa e retorna da Fonte.



quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

"Tudo o que não se regenera, está condenado"

Trechos de Edgar Morin no Roda Viva em 2000, e comentários:

"Viver de morte, morrer de viver" (Heráclito)

"Os humanistas têm um moinho, mas quem traz os grãos é a ciência."

"A cultura não deve ser imposta, e sim oferecida."

"Meus livros atingem aqueles que já tinham dentro de si a virtualidade de pensar aquilo que penso"

"Quanto mais individualismo, mais individuação, mais a pessoa tem medo da morte. Tem medo da morte porque sabe que ela é a destruição do "Eu"."

"Para aceitar a vida, para viver, é preciso correr o risco da morte."

"Existe uma utopia negativa que visa a um mundo SEM. Sem conflitos, sem danos, sem violência, sem diferenças. Esse é um desejo atroz."

Comentário: O Direito, guardadas as devidas proporções, incorre no mesmo problema, quando seus aplicadores somente reconhecem nas pessoas as diferenças que estão contidas nos requisitos da lei (e nas diferenciações que essa conseguiu conceber em seu tempo remoto de criação e com todas as limitações da busca de antever o futuro) e de resto as tratam igualmente, não importa as diferenças que possuam. É um preço alto demais para se pagar pela busca de imparcialidade, afinal existem caminhos menos atrozes.

A parte central de seu pensamento, no ano de 2000, segundo Edgar. "Tudo que não se regenera, está condenado."

"O prazer das releituras é um dos maiores prazeres da vida"

"A solução está em algo "Forte como a morte""... Mas só vai saber a resposta quem ler o livro de Guy de Maupassant ou ver o video da entrevista.


Grande garoto, esse Edgar... Dá prá ver que é um garoto pela vitalidade dos gestos, pela empolgação e alegria ao falar e pela jovialidade das ideias. Talvez as ideias, sejam como o 'estranho caso de Benjamin Button'- que nasceu velho e morreu novo - e vão - ou podem ir - rejuvenescendo ao longo do tempo. Se  gerando novamente por repetidas gerações de evolução da compreensão. Se o novo é sinônimo de frescor, flexibilidade, vitalidade, abertura, desenvolvimento, a mente-bebê de Edgar é uma agradável companhia e inspiração para nós.

Outra audição sobre o Envelhecer:

"A coisa mais moderna que existe nesta vida é envelhecer,
A baba vai descendo e os cabelos vão caindo prá cabeça aparecer..."


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Trollando...

Ideias prontas e preconceitos sobre política e a reação de quem se incomoda com isso:

ou,

Nossa Presidenta trollando uma entrevistadora...kkk


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A unha não perdoa os equilibristas.


Cuidado com a unha encarnada em meu fura-bolo,
Ela comanda um sobe e desce para que venhas ao mundo meu.
E o largo gesto de meu braço para que te vás, de vez, ao mundo teu?
Ela o comanda.

Esta terrível unha encravada, endiabrou-se de vez e agora,
Risca o ar ensandecida, maldizendo ao equilibrista de vocação:
Idiota, puta que pariu, saia da porra de cima deste muro,
Antes que em ti eu me crave - generosa em veneno,

Laboriosa e criadora de purulenta ferida,
A causar pútrida chaga em tua leitosa consciência hipócrita e presunçosa,
E antes que o dia se acabe,
Trace no céu uma vertiginosa Linha Final ao destino enfadado,

Da tua alma e coração, depostos e encarcerados,
Neste jardim mal-cuidado de lembranças,
No qual prezas protegê-los para que ninguém os tome,
Como se alguém pudesse querer relíquias tão sem graça,

Bêbado equilibrista condenado como Sísifo a repetir-se eternamente,
Vagando por sobre o muro que separa teu jardim e teu deserto,
Sepulcral deserto onde florescem, frutificam e desabrocham,
Tuas mirabolantes espécies proprietárias de princípios morais, de honra e de pureza,

Lugar triste e nublado, onde vagam almas e fantasmas,
Assombrando uns aos outros num jogo pueril,
Onde não se concebem lágrimas ou gargalhadas,
Que rompam o solo seco do teu coração,

Subsolo de águas-mortas-vivas que se recusam a correr,
Que lentamente apodrecem a vida,
Deste cadáver que é preciso disfarçar o cheiro,
Desta promessa aos pais que é preciso abandonar.

....................

Não importa.

Mesmo nos cadáveres, as flores crescem,
E a cada dia, uma nova escolha:
Se você tomar a pílula vermelha, a história continua.
Se você tomar a pílula azul, o muro desaparece.


(Este texto é a nova versão do texto "Ei tu aí, senhor(a) de si!")

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Eles vão, a música fica.

Música, linguagem do encontro.
Morte, brutalidade da perda.
Se se encontram, que sucede?
O que fazemos repercute pela eternidade...

Abaixo uma lista de vídeos de despedida e homenagem aqueles que musicaram e musicam nosso mundo: Obrigado.

Adeus Elvis:

E o que ele teria a dizer sobre sua morte:





Adeus Raul Seixas:


E o Raul ainda fez o canto de sua morte:



Adeus Freddie Mercury:



Adeus Jonh Lennon:


Adeus Renato Russo:


Adeus Cazuza:




Adeus Michael Jackson:



Adeus Carmem Miranda:


Adeus Elis Regina:



Adeus Mamonas Assassinas:


Adeus Amy Whinehouse:


E de um jeito que é mais a sua cara:



Adeus Jim Morrison:


Adeus Janis Joplin:


Adeus Jimi Hendrix:


Adeus Aaliyah:


Adeus Frank Sinatra:


Adeus Whitney Houston:




Adeus Luciano Pavarotti:


Adeus Nina Simone:


Adeus Bob Marley:


Adeus Israel Kamakawiwo'ole (uma das cerimônias mais bonitas a partir de 2, 41 min):





Adeus Jenni Rivera:


Adeus Carlos Gardel:




Adeus a vocês que, pela voz, nos encantaram e continuarão a encantar para muito além destes e daqueles tempos:


Adeus Cartola:


Adeus Cássia Eller:


Adeus Luiz Gonzaga:


Adeus Tim Maia:


Adeus Tom Jobim:


Adeus Vinicius de Moraes:

E Vinícius e a hora íntima:


Adeus Kurt Cobain:



Adeus Wando:




E para finalizar, uma homenagem musical a essas pessoas especiais:



Observação. Se você um vídeo melhor para o funeral de um cantor já citado, ou outro cantor que queira indicar (com vídeo no youtube) para o post, pode falar...