sexta-feira, 21 de junho de 2013

Manifestações. Análise 1: Os alvos.

"...
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial 
Que está contribuindo com sua parte 
Para nosso belo quadro social
..." 
(Raul Seixas, Ouro de Tolo)


Li a indignação de um amigo meu, afiliado de longa data do PT, com a repulsa que os movimentos sociais fizeram a manifestações e demonstrações petistas no seio da manifestação geral. Eu particularmente não tenho nada contra ou a favor do PT ou outro partido, acho que são as pessoas  e os propósitos que fazem as coisas acontecerem e não as bandeiras.

Ele dizia que as rejeições às manifestações partidárias na manifestação geral eram injustas, por vários fundamentos, inclusive porque o direito de se manifestar já vinha sendo defendido e as manifestações já vinham sendo feitas por muitos anos antes por diversos movimentos identificados, inclusive partidários. Li inclusive que essa exclusão do diferente era uma postura fascista.

Em relação ao seu ponto central, que era a exclusão do PT das passeatas, partido claramente vinculado a história de lutas e reinvidicações sociais do país, poderia dar uma resposta mais direta. As manifestações eram bastante focadas contra os poderes constituídos, identificados como responsáveis pelas nossas atuais mazelas, e dentre eles se destacam a Presidência da República e a Prefeitura de São Paulo, esta inclusive a autora do aumento de passagens que deu origem ao movimento. Além disso, na experiência de quem esteve lá, não era mesmo um movimentado partidário, de nenhum partido e contra nenhum partido em especial.

Mas isso é o de menos. E aí voltamos a Raul Seixas com o trecho de sua música que está no início do texto, e que é o ponto central: Você que é um doutor, um padre, um policial, um político, funcionário público, professor, um militante de causas sociais em partido ou ong, um juiz, um promotor, um jornalista, advogado público ou privado, médico, empresário etc. enfim, todos os que de alguma forma tem um maior poder público e social e portanto a respectiva responsabilidade, você acredita realmente que está contribuindo para a sociedade?

Uma imensa parte acredita, com maior ou menor convicção, que sim. Fizeram o melhor que podiam, embora muito mais pudesse ter sido feito.

A questão é: Você, autoridade constituída ou moral, estatal ou privada, que acredita que contribui para a sociedade, que acredita que a representa e que bem zela de seus interesses, você acredita que o restante do mundo, fora de seus muros corporativos, ideológicos, regionais, geracionais etc pode nao acreditar no mesmo que você? 

Em qualquer função socialmente relevante, podemos ter alguém que tenha a perspectiva pessoal de viver uma vida na qual, por meio do exercício de sua profissão, contribui para a sociedade. Mas E SE A SOCIEDADE DISCORDAR DE VOCÊ? 

No caso, tentaram desqualificá-la, dizendo que as manifestações não têm fundamento. Mas não é verdade. Serviços públicos ruins, com alto preço, violência e surdez estatais, corrupção e ineficiência, iniciativas para reduzir a investigação criminal e outras tantas no sentido contrário ao de nossas necessidades, gastos bilionários com uma Copa que foram decididos por uns poucos, gerando ganhos bilionários para uns poucos, em prejuízo de muitas outras necessidades existentes como saúde e educação. E por aí vai.

Você poderia tentar dizer: "mas não sou eu que decido isso, eu só faço a função x, y ou z, eu não tenho essa responsabilidade. Isso quem tem que fazer é o fulano"! Aí você vai no fulano e ele diz a mesma coisa... Mas E SE A SOCIEDADE DISCORDAR DE VOCÊ?

Claro que tem gente autoritária que acha que porque o Estado tem o poder, a polícia e o exército, ele poderia descer a borracha em todo mundo. Foi o que foi feito na ditadura. Mas são outros tempos, ainda bem, e nesse Estado Democrático de Direito, abusos desse tipo não serão mais tolerados.

Enfim, caso você sinta que a sociedade está discordando de você, pare e pense, quem está errado? a minha opinião é: adote a transparência máxima em suas atividades públicas, busque resultados sociais concretos e não seja apenas autoreferente em suas autoavaliações, busque e aceite diálogo com todos, e colaboração, respeite a diversidade, não fique apenas resolvendo urgências do hoje, mas faça ações sustentáveis e zele sempre pelo equiíbrio de todos esses fatores, abstendo-se de tomar partido de apenas uma causa, ignorando os defeitos dos amigos que a compartilham e fazendo inimigos todos os que não concordam contigo.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Contra a PEC da Impunidade: Deixem o Ministério Público investigar!

Um País como o Brasil, que sofre tão gravemente com a corrupção e outros crimes e que tem uma atuação policial tão pouco eficiente não merece uma iniciativa do governo e dos políticos para impedir o Ministério Público de investigar crimes. Se você concorda, compartilhe essa ideia.